Adaptação climática: foco essencial para sobrevivência na cop30
A adaptação climática emerge como prioridade absoluta na COP30, conferência que se aproxima, sendo vista não mais como uma escolha subsequente à mitigação de emissões, mas sim como um pilar fundamental para a sobrevivência global. A ênfase foi dada pelo embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, que expressou a urgência de resultados concretos em ações de adaptação, em especial no financiamento, atualmente concentrado no setor público.
Em recentes encontros globais, Corrêa do Lago ressaltou o clamor por ações efetivas de adaptação, face às perdas irreparáveis causadas pelas mudanças climáticas, incluindo o impacto devastador em colheitas. Essa adaptação é vista como a chave para construir uma sociedade resiliente, capaz de avançar em ações climáticas e na mitigação de emissões.
A mitigação climática, que envolve a redução de emissões de gases de efeito estufa através da transição para energias renováveis, reflorestamento e práticas mais sustentáveis em diversos setores, contrasta com a adaptação, que visa minimizar os danos decorrentes do aumento da temperatura e aumentar a resiliência. Exemplos de adaptação incluem planejamento urbano focado em ondas de calor e inundações, monitoramento climático e uso estratégico da irrigação na agricultura.
A adaptação climática, qualificada como central para o desenvolvimento sustentável, fortalece a estabilidade fiscal, diminui riscos de investimentos e impulsiona a produtividade. A perspectiva, segundo especialistas, deve mudar, encarando o financiamento da adaptação não como caridade, mas como uma estratégia para evitar custos futuros.
Apesar do potencial de retorno de 25% sobre o capital investido em adaptação, os recursos destinados a projetos nessa área representam menos de um terço do financiamento climático total, um volume considerado insuficiente diante das necessidades prementes. Há um apelo crescente para que o financiamento da adaptação seja acelerado, potencialmente triplicando os valores atuais para proteger comunidades e garantir o progresso no desenvolvimento.
No setor agrícola, a adaptação se manifesta no uso de sementes mais resistentes e no aumento da irrigação, entre outras práticas. Contudo, o financiamento para essas adaptações ainda enfrenta desafios, com pouca clareza sobre os recursos necessários. A presidência da COP30 almeja que a conferência apresente estimativas concretas sobre os gastos de cidades, comunidades e setores, a fim de dimensionar os investimentos necessários. Estimativas de 2022 indicam que cerca de US$ 350 bilhões são necessários para projetos de adaptação, dos quais US$ 200 bilhões deveriam vir de recursos públicos.
Para ampliar o financiamento privado, abordagens inovadoras como o blended finance serão essenciais para atrair capital para a segurança alimentar, hídrica e infraestrutura resiliente. Além disso, a presidência da COP busca soluções como swaps de dívida entre bancos de desenvolvimento e bilaterais, e a divulgação de planos de financiamento pelos bancos multilaterais de desenvolvimento.
A COP30 também visa definir indicadores para as metas globais de adaptação (GGA), com o objetivo de avaliar a resiliência da produção agrícola e outros setores. A adoção dessas metas facilitará a identificação de quem está se tornando mais resiliente e quem está ficando para trás, servindo como uma bússola econômica e moral para a ação climática.





