Ainda há taxas: produtos brasileiros enfrentam barreira de 50% nos eua

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Apesar da recente remoção de tarifas adicionais sobre diversos produtos brasileiros, incluindo carne, café em grão e frutas, uma parcela significativa das exportações do Brasil para os Estados Unidos ainda enfrenta uma taxa de 50%. A sobretaxa, imposta desde agosto, continua a impactar diversos setores, representando 22% das exportações brasileiras para o mercado norte-americano, conforme declarações do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

A ordem executiva que retirou a tarifa de 40% para determinados produtos agrícolas, com efeito retroativo a novembro de 2025, permitindo inclusive o reembolso de embarques já realizados, trouxe alívio para alguns segmentos. No entanto, outros setores relatam perdas de competitividade e declínio nas vendas devido à persistência da tarifa.

No setor cafeeiro, por exemplo, enquanto o café verde foi isento da taxação, o café solúvel permanece na lista de produtos com tarifa de 50%. A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) estima que os embarques para os EUA sofreram uma queda superior a 52% desde a implementação do tarifaço, expressando preocupação com a possível substituição do produto brasileiro por concorrentes de outras origens nas prateleiras americanas.

O setor de máquinas e equipamentos agrícolas também permanece afetado, sem inclusão na nova lista de isenção, o que continua a onerar o setor. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a manutenção da barreira tarifária dificulta a assinatura de novos contratos e o planejamento de exportações.

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Além dos produtos mencionados, a lista de itens ainda sujeitos à tarifa de 50% inclui produtos relevantes para as exportações brasileiras, como pescados e mel.

As consequências do tarifaço já são visíveis em alguns setores. No setor madeireiro, por exemplo, as exportações para os Estados Unidos tiveram uma queda de 55% após a implementação da tarifa, de acordo com dados setoriais. Empresas do setor relatam redução no ritmo de produção e dificuldades em manter contratos, em um mercado sensível a preços.

A isenção tarifária anunciada recentemente abrange principalmente produtos agrícolas, como café verde, carnes bovinas, banana, tomate, açaí, castanha de caju, chá e outras frutas. Com a exclusão, esses produtos retornam aos EUA com tarifas semelhantes às praticadas antes da imposição das sobretaxas.

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Apesar do recuo parcial, a lista de itens ainda gravados permanece significativa para o Brasil, incluindo café solúvel, pescados, mel, máquinas agrícolas e equipamentos, motores e maquinário industrial específico, calçados e móveis.

Estimativas oficiais do MDIC apontam que o valor das exportações ainda sujeitas à tarifa adicional totaliza US$ 8,9 bilhões no fluxo comercial entre Brasil e EUA. O governo avalia que a indústria é o setor mais sensível, devido à maior dificuldade em redirecionar as vendas para outros mercados.

De acordo com o governo, as negociações com os Estados Unidos continuam em andamento, com o objetivo de obter novas isenções. O governo considera o recente recuo dos EUA como o maior avanço desde o início do tarifaço, mas reconhece que o impacto ainda é considerável sobre cadeias produtivas estratégicas.

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