Algas marinhas: aposta sustentável para alimentar o futuro

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Algas marinhas emergem como uma alternativa sustentável ao pescado tradicional, impulsionadas por um projeto internacional que une esforços de pesquisa e inovação entre o Brasil e a Europa. A iniciativa busca responder à crescente demanda global por proteínas saudáveis, em um contexto de pressão sobre os estoques pesqueiros.

No Brasil, a coordenação do projeto, com duração de três anos, está a cargo da Embrapa Agroindústria de Alimentos. A proposta integra pesquisa, inovação e transferência de tecnologia, visando impulsionar a produção de algas como uma opção sustentável e promissora.

A produção de algas marinhas apresenta vantagens significativas: elas crescem rapidamente, não necessitam de água doce ou fertilizantes e, adicionalmente, capturam carbono, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. Além disso, as algas são ricas em fibras, minerais, vitaminas e ômega-3, nutrientes essenciais para a saúde humana.

Apesar de seu potencial, a aceitação das algas como alimento ainda enfrenta desafios, principalmente no Brasil. O sabor característico, a coloração verde e a textura podem ser barreiras para a sua incorporação em alimentos que buscam mimetizar produtos de origem animal. O objetivo é aprimorar essas características, desenvolvendo processos de cultivo e transformação que resultem em ingredientes com sabor e textura agradáveis ao paladar.

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Um dos protótipos em desenvolvimento é um “atum vegetal” em conserva, elaborado a partir da combinação de algas marinhas com outros ingredientes vegetais ricos em proteínas e flavorizantes de alto valor biológico. A expectativa é que o produto reproduza o sabor, o aroma e a consistência do atum enlatado tradicional, oferecendo uma alternativa mais saudável, sem colesterol, rica em nutrientes e sustentável.

A produção de algas oferece benefícios ambientais, como a purificação da água e o sequestro de carbono, auxiliando na recuperação de ecossistemas costeiros e na mitigação da crise climática. Além disso, pode gerar novas oportunidades de renda para comunidades pesqueiras, permitindo a diversificação da atividade econômica.

O Brasil, com seus mais de 8 mil quilômetros de litoral, possui um grande potencial para estruturar uma cadeia produtiva de algas, transformando-se em uma fonte de emprego, renda e inovação para agricultores familiares e comunidades costeiras.

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Ao final do projeto, espera-se disponibilizar protótipos de produtos à base de algas, prontos para avaliação pela indústria de alimentos e pelos consumidores. O crescimento do mercado de pescados vegetais reforça a oportunidade, com estimativas de movimentação de US$ 2,5 bilhões até 2032.

A iniciativa se insere no conceito de bioeconomia azul, que valoriza o uso sustentável dos recursos marinhos para gerar desenvolvimento econômico, equidade social e preservação ambiental. As algas surgem como protagonistas nesse cenário, oferecendo benefícios à saúde, ao planeta e às comunidades costeiras.

Com o apoio de uma rede internacional de parceiros, o projeto busca transformar o peixe de alga em uma alternativa viável no mercado, abrindo caminhos para o futuro da alimentação.

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