Alumínio dispara e alcança maior valor em três anos em meio à escassez global

O alumínio alcança o maior preço em três anos devido à escassez global, impulsionado por restrições na China e pela crescente demanda da transição energética.

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O alumínio atingiu nesta sexta-feira, 10 de outubro de 2025, o maior valor dos últimos três anos, alcançando US$ 2.787 por tonelada, o nível mais alto desde o início de 2022. A disparada reflete um desequilíbrio crescente entre oferta e demanda, impulsionado por cortes de produção, altos custos energéticos e o avanço da transição energética global. Especialistas acreditam que o metal pode trilhar um caminho semelhante ao do cobre, consolidando-se como um dos materiais mais estratégicos da nova economia verde.

A principal razão para o rali do alumínio está no teto de produção imposto pela China, que limita a fabricação anual a 45 milhões de toneladas. O país, responsável por mais da metade do suprimento mundial, já alcançou cerca de 44,5 milhões de toneladas em meados de 2025 e reduziu sua meta de crescimento de 5% para apenas 1,5% até 2026. Esse limite representa uma virada estrutural: o maior produtor do mundo atingiu sua capacidade máxima, o que pressiona os preços globais e ameaça transformar o antigo superávit do mercado em um déficit consistente.

De acordo com projeções do Citi, o mercado global de alumínio primário deverá registrar um déficit de 1,4 milhão de toneladas até 2027. Outros bancos, como o ING e o J.P. Morgan, apontam para déficits ainda antes, estimando escassez entre 400 mil e 600 mil toneladas já em 2025. O problema é agravado pelos altos custos de eletricidade, que representam até 35% do custo de produção do metal. Como o processo de fundição consome enormes quantidades de energia, novas plantas exigem preços próximos a US$ 30 por megawatt-hora para viabilidade — enquanto o setor tecnológico, competindo pela mesma energia, paga mais de US$ 100 por megawatt-hora.

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A crise energética e as interrupções industriais também afetam a oferta. A russa Rusal reduziu sua produção em 500 mil toneladas devido ao custo crescente da alumina, enquanto a Alcoa encerrou operações em uma refinaria na Austrália. Um incêndio na planta da Novelis, em Nova York, responsável por quase 40% do fornecimento de alumínio para a Ford, evidenciou a fragilidade da cadeia de suprimentos.

Ao mesmo tempo, a demanda global cresce rapidamente. Cada veículo elétrico utiliza cerca de 150 libras a mais de alumínio do que carros convencionais, e o mercado automotivo do metal deve saltar de US$ 53 bilhões em 2023 para US$ 93 bilhões em 2030, segundo a Wood Mackenzie. Além disso, data centers e infraestruturas de energia solar estão elevando o consumo do metal, usado em sistemas de refrigeração, molduras e linhas de transmissão como alternativa mais leve e barata ao cobre.

No mercado financeiro, as ações das principais produtoras refletem o otimismo. A Alcoa subiu 12% em dois dias, chegando a US$ 37,06, após o Morgan Stanley elevar o preço-alvo para US$ 42,50. Já a Century Aluminum anunciou investimentos de US$ 50 milhões para expandir a produção nos Estados Unidos. Apesar disso, os fundos voltados ao alumínio seguem modestos — o ETF da WisdomTree administra menos de US$ 40 milhões, frente a mais de US$ 1 bilhão do fundo de cobre.

Com a oferta limitada, a demanda em alta e os ativos ainda subvalorizados, o alumínio surge como o novo protagonista do mercado de metais industriais, reforçando seu papel essencial na economia de baixo carbono.

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