Anbima: captação no mercado de capitais tem leve queda até setembro

O mercado de capitais brasileiro registrou uma leve retração na captação de recursos por empresas entre janeiro e setembro deste ano. O volume total alcançou R$ 528,5 bilhões, representando uma queda de 3,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados, divulgados pela Anbima, revelam um cenário de predominância da renda fixa, que respondeu por expressivos 92,20% das emissões realizadas em 2025.
Apesar da queda no acumulado do ano, o mês de setembro se destacou como o segundo melhor do ano, com R$ 74,9 bilhões em emissões, ficando atrás apenas de junho, que registrou R$ 82,6 bilhões. No comparativo anual, as emissões de renda fixa apresentaram estabilidade, com um leve aumento de 0,3%. Em contrapartida, a renda variável sofreu uma queda acentuada de 80,73%, enquanto os instrumentos híbridos recuaram 7,9%.
As debêntures se mantêm como o principal instrumento de captação, totalizando R$ 317,59 bilhões até setembro, com um ligeiro aumento de 0,63%. Um destaque importante é o crescimento da participação das debêntures incentivadas, que atingiram um patamar recorde e representam 36% do volume total emitido por meio de debêntures. Essa modalidade, que representava apenas 13% entre janeiro e setembro de 2019, demonstra um aumento significativo no interesse dos investidores.
O setor de energia elétrica liderou as emissões de debêntures no ano, com um volume total de R$ 78 bilhões, seguido por transporte e logística, setor financeiro e saneamento.
O mercado secundário de debêntures também apresentou um crescimento notável, com um aumento de 22,7% no volume negociado. As negociações no mercado secundário já representam 205% do volume do mercado primário, indicando um amadurecimento e desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro.
Além das debêntures, os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) e as Notas Comerciais também se destacaram. Os FIDCs registraram um aumento de 16,8% em relação ao ano passado, totalizando R$ 61,14 bilhões. Já o volume de emissões de Notas Comerciais cresceu 13,50%, somando R$ 39,26 bilhões. O crescimento desses instrumentos é visto como um sinal positivo de democratização do mercado de capitais, uma vez que são frequentemente utilizados por empresas menores para acessar o mercado pela primeira vez.
As emissões de empresas brasileiras no exterior também apresentaram um crescimento expressivo, alcançando R$ 29,2 bilhões entre janeiro e dezembro. Este é o maior volume desde 2014 e já supera em 45% o valor registrado em todo o ano anterior.