Astrônomos confirmam teorema de hawking sobre buracos negros

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Astrônomos obtiveram novas evidências que corroboram um teorema fundamental sobre buracos negros, utilizando dados recentes de ondas gravitacionais. A observação confirma uma previsão teórica que até então não havia sido testada de forma tão rigorosa.

Observação de uma fusão de buracos negros usando dados de ondas gravitacionais provou um teorema importante proposto por Stephen Hawking.
Observação de uma fusão de buracos negros usando dados de ondas gravitacionais provou um teorema importante proposto por Stephen Hawking.

Na década de 1970, o físico Stephen Hawking introduziu a termodinâmica de buracos negros, um conceito que conecta propriedades como temperatura, entropia e energia desses objetos cósmicos. Essa teoria estabelece uma ponte entre a relatividade geral e a mecânica quântica.

Um dos resultados mais emblemáticos dessa área é a radiação de Hawking, que postula que buracos negros podem emitir radiação. No entanto, um dos pilares mais importantes é o Teorema da Área, que afirma que a área total do horizonte de eventos nunca diminui durante a fusão de dois buracos negros. Em outras palavras, a área do buraco negro resultante deve ser igual ou maior que a soma das áreas dos buracos negros originais. Este princípio se assemelha à segunda lei da termodinâmica, que estabelece que a entropia de um sistema fechado nunca diminui.

Um estudo recente analisou dados de ondas gravitacionais para testar o Teorema da Área de forma observacional. Ao analisar os sinais gerados por fusões reais de buracos negros, os pesquisadores conseguiram estimar as áreas dos buracos negros antes e depois da colisão. Os resultados confirmaram a validade do teorema, representando a segunda verificação desse princípio fundamental e se aproximando do nível de confiança de 5σ.

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Termodinâmica de buracos negros

A termodinâmica de buracos negros, proposta por Stephen Hawking, revela que esses objetos possuem temperatura, entropia e obedecem a leis semelhantes às de sistemas térmicos comuns. A área se baseia em quatro teoremas que são análogos às leis da termodinâmica clássica.

Embora não seja um dos teoremas centrais, a radiação de Hawking é um resultado importante e amplamente conhecido da termodinâmica de buracos negros.

Os quatro teoremas da área foram construídos de forma análoga às quatro leis da termodinâmica clássica. O teorema zero afirma que a gravidade da superfície é constante em todo o horizonte de um buraco negro em equilíbrio. O primeiro teorema relaciona massa, área, rotação e carga. O segundo teorema é o Teorema da Área. O último teorema diz que é impossível reduzir a gravidade da superfície a zero por processos físicos.

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Teorema da Área

O Teorema da Área postula que a área total do horizonte de eventos de um buraco negro nunca diminui durante a fusão de buracos negros. A área do buraco negro resultante deve ser igual ou maior que a soma das áreas dos buracos negros originais. Essa afirmação, embora pareça intuitiva, possui uma explicação mais profunda, pois a área do horizonte de eventos está intrinsecamente ligada à entropia do buraco negro. Essa conexão se alinha com a segunda lei da termodinâmica, que exige que a entropia total do universo não diminua.

Durante uma fusão, o buraco negro resultante não possui uma massa igual à soma das massas originais. Isso ocorre porque parte da energia do sistema é irradiada na forma de ondas gravitacionais. Consequentemente, a massa final é menor que a soma das massas originais, mas a área do horizonte de eventos ainda é maior do que a soma das áreas dos buracos negros originais. O teorema também demonstra que a área não depende apenas da massa, mas também da geometria do buraco negro.

Confirmação do teorema

Pesquisadores analisaram dados de ondas gravitacionais geradas durante a fusão de dois buracos negros, um evento denominado GW230814. Ao medir as massas e rotações dos objetos antes e depois da fusão, os cientistas puderam calcular as áreas dos horizontes de eventos. Os resultados mostraram que a área final não diminuiu, confirmando a previsão do Teorema da Área.

O sinal de uma onda gravitacional consegue dar informações importantes sobre o antes, durante e depois de uma fusão de buracos negros. Crédito: Simons Foundation

Essa é a segunda verificação do Teorema da Área, e a primeira vez que se aproxima do nível de confiança de 5σ. O estudo confirmou o teorema com 99,5% de confiança, um aumento em relação a trabalhos anteriores. Embora o resultado ainda não tenha alcançado o limiar de 5σ (99,99994%), ele representa uma forte evidência de que a área do horizonte de eventos nunca diminui.

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Por que a confiança de 5σ é importante?

Novas observações serão necessárias para atingir o nível de confiança de 5σ, o padrão na astronomia para declarar uma descoberta. Esse nível de confiança corresponde a uma probabilidade extremamente baixa de que o resultado seja fruto do acaso, garantindo que o fenômeno observado não seja apenas uma flutuação estatística.

Em áreas onde os sinais são fracos e as medições dependem de análises estatísticas complexas, esse nível de confiança é fundamental. Além disso, fenômenos astrofísicos costumam ser únicos e impossíveis de reproduzir em laboratório. Assim, o 5σ atua como um filtro contra falsos positivos, e resultados abaixo desse limite podem ser atribuídos ao acaso.

Fonte: www.tempo.com

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