Brasil autoriza perfuração de petróleo da Petrobras próxima à Amazônia

Ibama autoriza Petrobras a perfurar petróleo próximo à Amazônia, gerando críticas de ambientalistas e indígenas antes da COP30.

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O Brasil autorizou a Petrobras a iniciar a perfuração exploratória de petróleo próxima à foz do Rio Amazonas, decisão que reacende o debate sobre desenvolvimento econômico e preservação ambiental no país. A licença foi concedida pelo Ibama nesta segunda-feira, encerrando uma espera de cinco anos da estatal para atuar na bacia da Foz do Amazonas, localizada cerca de 500 quilômetros da foz do rio, em águas profundas do estado do Amapá.

A Petrobras planeja iniciar as operações imediatamente, com um investimento de mais de US$ 33 milhões mantido para o navio-sonda enquanto aguardava a aprovação. As atividades devem se estender por cinco meses, com a empresa destacando a importância da região para comprovação de reservas de petróleo. A CEO da Petrobras, Magda Chambriard, comemorou a autorização, classificando-a como “uma conquista para a sociedade brasileira” e destacando o potencial estratégico da área, que geologicamente se aproxima de grandes campos de petróleo desenvolvidos na Guiana pela ExxonMobil.

No entanto, a decisão provocou forte reação de ambientalistas e comunidades locais. O Observatório do Clima, coalizão formada por 133 ONGs brasileiras, anunciou que entrará com ação judicial contra a autorização, apontando “ilegalidades e deficiências técnicas” no processo de licenciamento. O grupo criticou a medida por comprometer a imagem do Brasil como líder climático no cenário global, especialmente às vésperas da COP30, marcada para novembro em Belém, na região amazônica.

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Lideranças indígenas da região do Oiapoque também se manifestaram contra a exploração, destacando riscos aos seus territórios e a falta de consultas adequadas. Pesquisas recentes indicam que 61% dos brasileiros são contrários à exploração de petróleo na região, número que sobe para 73% entre os jovens de 16 a 24 anos.

O momento da autorização levanta questionamentos sobre a coerência do país com suas metas climáticas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende a perfuração como forma de financiar a transição energética e impulsionar energias renováveis no Brasil, mas críticos destacam que as receitas provenientes do petróleo dificilmente representam impacto significativo nos investimentos globais em energia limpa. Claudio Angelo, do Observatório do Clima, enfatizou que empresas petrolíferas contribuem apenas com 1 a 2,7% dos gastos em energia limpa, apontando contradições na justificativa governamental.

Enquanto isso, a comunidade internacional observa atentamente. A COP30, considerada uma cúpula de implementação, colocará o Brasil sob os holofotes, exigindo demonstrações concretas de ações climáticas. A autorização para perfuração na bacia amazônica surge como um teste à credibilidade do país no debate ambiental e climático, gerando um cenário de tensão entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental.

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