Brasil em jogo: o futuro incerto da economia e de haddad
O cenário político-econômico brasileiro permanece em foco, com questionamentos sobre o futuro do Ministro da Fazenda e seus reflexos no país. Em meio a especulações sobre uma possível saída do cargo para disputar eleições no próximo ano, o ministro Fernando Haddad se manifestou sobre o assunto. No entanto, a mera cogitação de uma mudança na liderança da área econômica alimenta debates e expectativas diversas.
Há quem vislumbre a oportunidade de um novo direcionamento à esquerda, resgatando promessas de campanha de um governo que se pretendia mais ousado e transformador. A expectativa de “fazer mais e melhor” do que nos mandatos anteriores alimentou a esperança de uma ruptura com a política econômica vigente desde 2016.
Relembra-se, ainda, a promessa de “40 anos em 4”, em alusão ao governo de Juscelino Kubitschek, reacendendo o anseio por um período de desenvolvimento econômico, social e ambiental, com um Estado protagonista.
Contudo, a realidade pós-posse revelou uma continuidade da política econômica implementada a partir de Temer, com foco na austeridade fiscal, política monetária restritiva, privatizações e redução do papel do Estado. As decisões na área, em sua maioria, foram tomadas com o aval do Presidente da República.
A proximidade das eleições de 2026 e seus desdobramentos políticos podem, no entanto, trazer mudanças. O afastamento de Haddad para concorrer a algum cargo eletivo, por exemplo, abriria espaço para especulações sobre seu substituto e o rumo da economia.
A possibilidade de Lula lançar mão de um “candidato violinista” – que segura com a esquerda e toca com a direita – sugere a busca por apoio e engajamento da militância, com promessas de novos rumos para o período 2027/2030. O estudo encomendado por Lula sobre a gratuidade do transporte público municipal, por exemplo, poderia ser um indicativo dessa estratégia.
A nomeação de um substituto para Haddad com um perfil que sinalize uma reorientação da política econômica seria o passo mais evidente para uma mudança substancial. No entanto, a manutenção do “mais do mesmo” parece ser o cenário mais provável, dado o histórico conciliador do presidente e a sensibilidade da área econômica para as classes dominantes.
Em entrevista recente, Haddad reforçou seu compromisso com a austeridade fiscal, atendendo às expectativas do mercado financeiro. O ministro dedicou grande parte da conversa para enfatizar a importância do controle fiscal, enquanto temas como o pagamento de juros da dívida pública e os impactos das despesas financeiras foram deixados de lado.
Mesmo na crítica à política monetária, Haddad se mostrou discreto, defendendo uma Selic menor, sem questionar a meta de inflação estabelecida pelo Executivo. Segundo ele, o Brasil está no caminho certo, com a política econômica garantindo a continuidade para os próximos anos.
Ainda assim, Simone Tebet, responsável pelo Planejamento, já vislumbra o período pós-eleitoral de 2026 como um momento oportuno para um pacote de medidas impopulares, como a desvinculação dos benefícios do INSS do salário mínimo e o fim dos pisos constitucionais para saúde e educação.
Diante desse cenário, independentemente do futuro de Haddad, o futuro do Brasil estará comprometido se a política econômica baseada no neoliberalismo não for alterada. A decisão de manchar ou não a própria história com medidas impopulares está nas mãos de Lula.


