Brasil insiste em acordo por prep injetável de longa duração contra hiv

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Em meio às celebrações do Dia Mundial de Luta contra a Aids, o Ministério da Saúde reafirma a prioridade de incorporar novas tecnologias de prevenção ao Sistema Único de Saúde (SUS), com destaque para a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de longa duração. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, mencionou a demanda pela inclusão de medicamentos de longa duração, embora ainda não haja previsão para que isso aconteça.

A iniciativa foca no lenacapavir, um medicamento injetável desenvolvido pela farmacêutica Gilead, que aguarda registro sanitário no Brasil. Este tratamento, administrado a cada seis meses, representa uma mudança significativa na prevenção do HIV, o vírus causador da Aids, podendo substituir a necessidade do uso diário de comprimidos e consultas médicas frequentes para renovação de receitas.

Estudos clínicos têm demonstrado alta eficácia do lenacapavir na neutralização da infecção viral. Durante o lançamento da campanha “Nascer sem HIV, viver sem aids” e de uma exposição que celebra os 40 anos da resposta brasileira à epidemia de Aids, Padilha destacou a importância da participação de pacientes, pesquisadores e instituições brasileiras na avaliação e estudo clínico do medicamento. O objetivo é não apenas apresentar uma proposta concreta, mas também participar da transferência de tecnologia para o Brasil.

O ministro ressaltou que a ampliação do acesso é crucial, especialmente por se tratar de um produto que pode ser decisivo na profilaxia de populações mais vulneráveis, como jovens que enfrentam dificuldades com o uso diário da PrEP oral.

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Embora a possibilidade de quebra de patente não tenha sido mencionada, o governo pretende insistir na construção de uma parceria para a transferência tecnológica. Países da América Latina, incluindo o Brasil, foram excluídos de uma versão genérica do medicamento, que será disponibilizada a outros 120 países de baixa renda e com alta incidência de HIV.

Padilha criticou o preço proposto pela empresa, considerado impraticável para programas de saúde pública. A oferta de 40 dólares a cada seis meses para países de renda muito baixa exclui países de renda média, que desempenham um papel importante na resposta à pandemia do HIV no mundo. O ministro enfatizou que uma inovação que recebeu subsídios estatais não deveria ter um preço tão elevado, citando o custo de mais de 28 mil dólares por pessoa ao ano nos Estados Unidos.

Carla Almeida, representante da Articulação Nacional de Luta contra a Aids, defendeu que, caso não haja avanços em acordos de transferência e inovação tecnológica, o governo brasileiro deve considerar a quebra de patente.

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A política brasileira de prevenção e tratamento do HIV/Aids, antes focada na distribuição de preservativos, incorporou ferramentas como a PrEP e a PEP (profilaxia pós-exposição). Para o público jovem, foram lançadas camisinhas texturizadas e sensitivas. O acesso à PrEP também foi ampliado, com um crescimento de mais de 150% no número de usuários desde 2023.

No diagnóstico, houve expansão na oferta de exames e distribuição de autotestes, facilitando a detecção precoce e o início oportuno do tratamento. O SUS oferece terapia antirretroviral gratuita e acompanhamento a todas as pessoas diagnosticadas com HIV.

O Brasil registrou uma queda de 13% no número de óbitos por aids entre 2023 e 2024, com menos de 10 mil mortes em 2024. Os casos de aids também apresentaram redução. O país avançou na eliminação da transmissão vertical da doença, da mãe para o bebê, e aguarda o reconhecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) como o maior país do mundo a alcançar esse feito.

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