Brasil: potencial para liderar a agricultura sustentável tropical no mundo

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O Brasil possui um conjunto singular de atributos que o posicionam como um líder global na agricultura tropical sustentável, e a realização da COP 30 no país surge como uma oportunidade crucial para solidificar essa posição. Essa perspectiva tem sido enfatizada por diversos líderes do setor agrícola brasileiro, ecoando a visão de especialistas como Alzbeta Klein, diretora-geral da Associação Internacional de Fertilizantes (IFA).

Durante sua recente passagem por São Paulo, onde participou de eventos promovidos pela IFA para discutir o papel do agronegócio na mitigação das mudanças climáticas, Klein destacou que a vasta experiência acumulada pelo Brasil ao longo das últimas décadas pode servir como um modelo para outras regiões tropicais que buscam otimizar a produtividade agrícola, minimizando o impacto ambiental.

“O Brasil foi impulsionado a adotar técnicas regenerativas, como o plantio direto, não por imposição externa, mas pela necessidade intrínseca de manter a produtividade e a qualidade”, explicou Klein. “Esse processo resultou em um aprendizado valioso que pode ser aplicado em regiões como a África Subsaariana e o Sudeste Asiático.”

Eduardo Monteiro, executivo da Mosaic no Brasil, complementa essa visão, ressaltando o potencial de transferir a experiência brasileira para outras regiões do mundo, considerando que, segundo dados da ONU, 33% das terras agrícolas globais estão degradadas.

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Klein aponta três fatores-chave que explicam o sucesso do Brasil, passíveis de replicação em outros países: o investimento em pesquisa pública, com destaque para o papel da Embrapa; a receptividade dos produtores à adoção de novas tecnologias; e a natureza intensiva da agricultura tropical, que permite múltiplas safras anuais, reduzindo os riscos associados à experimentação de novas tecnologias.

“O produtor brasileiro é jovem, bem informado e demonstra uma grande abertura à inovação. Ele aprende rapidamente porque está disposto a testar novas abordagens”, afirma Klein.

Essa combinação de escala de produção, base científica robusta e produtores rurais abertos à inovação coloca o Brasil em uma posição estratégica para liderar a transição para sistemas alimentares de baixo carbono.

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“O mundo observa o Brasil com grande interesse”, conclui Klein. “O país demonstrou que é possível aumentar a produtividade sem expandir a área agrícola. Essa é uma lição fundamental para o futuro da alimentação e do clima.”

A diretora-executiva da IFA também enfatizou o progresso do mercado brasileiro de biológicos, mencionando que mais de um terço dos agricultores brasileiros já utilizam biológicos como complemento aos fertilizantes. A expectativa do setor agora se concentra no novo marco regulatório para biofertilizantes, atualmente em elaboração pelo governo federal.

Outro ponto de discussão durante os eventos promovidos pela IFA foi o desafio de ampliar o financiamento para a agricultura regenerativa. Além da insuficiência de recursos disponíveis em relação à demanda, representantes de instituições financeiras enfatizaram a necessidade de uma padronização de critérios para definir o que realmente caracteriza uma produção regenerativa. Existe uma carência de regulamentação para definir a agricultura sustentável e os requisitos necessários para destinar linhas de crédito com incentivos.

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