Brasileiros temem piora no mercado e dizem que conseguir emprego está mais difícil
Mesmo com a menor taxa de desemprego da história, brasileiros sentem que está mais difícil conseguir emprego e temem piora no mercado.

Mesmo com o Brasil registrando a menor taxa de desocupação da história, a percepção da população é de que está mais complicado conseguir um emprego. Segundo levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), cerca de 60% dos brasileiros afirmam que está difícil ou muito difícil encontrar trabalho atualmente, e quase 40% acreditam que a situação tende a piorar nos próximos seis meses.
Os dados fazem parte da quarta edição dos Indicadores de Qualidade do Trabalho da Sondagem de Mercado de Trabalho, que entrevistou seis mil pessoas em todas as regiões do país. O estudo aponta uma desconexão entre os números oficiais e o sentimento da população. Mesmo com a taxa de desocupação em 5,6%, o nível mais baixo já registrado, a insegurança sobre o futuro profissional ainda preocupa grande parte dos trabalhadores.
Entre os entrevistados que estão empregados, apenas 16% consideram provável ou muito provável perder o trabalho nos próximos meses. A maioria, cerca de 76,3%, declarou estar satisfeita ou muito satisfeita com o emprego atual. Além disso, sete em cada dez pessoas dizem que a renda mensal é suficiente para cobrir suas despesas básicas, o que indica um certo equilíbrio financeiro para quem já está inserido no mercado.
Apesar disso, o sentimento geral sobre o acesso a novas vagas ainda é de pessimismo. De acordo com o levantamento, 42,4% afirmam que está difícil conseguir emprego, 14,9% dizem estar muito difícil, enquanto 22,7% veem a situação como normal. Apenas 20% consideram que o cenário está fácil ou muito fácil.
Quando questionados sobre o futuro do mercado de trabalho, 33,3% acreditam que ele vai piorar, e 6% esperam uma piora acentuada. Por outro lado, 27,3% acham que a situação deve melhorar e 32,2% apostam que tudo permanecerá igual.
O economista Rodolpho Tobler, responsável pela pesquisa, explicou que, embora o mercado esteja aquecido, a percepção negativa reflete uma preocupação crescente com o ritmo da economia. Segundo ele, “a expectativa para os próximos meses já mostra sinais de desaceleração, o que pode influenciar diretamente o sentimento de confiança dos trabalhadores”.
A pesquisa também mostrou um leve aumento na satisfação geral dos brasileiros com o trabalho principal, além de uma percepção mais positiva sobre a renda atual. Mesmo assim, a sensação de que o emprego está mais difícil de conseguir ainda prevalece entre a maioria, reforçando que os números econômicos nem sempre traduzem a realidade sentida no dia a dia.