Catedral da sé lotada rememora os 50 anos do assassinato de herzog

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Em um ato ecumênico marcante, a Catedral da Sé, no coração de São Paulo, ficou repleta de pessoas em memória aos 50 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, ocorrido em 25 de outubro de 1975, durante a ditadura militar. A cerimônia foi promovida pela Comissão Arns e pelo Instituto Vladimir Herzog, no mesmo local onde, há cinco décadas, uma cerimônia inter-religiosa histórica reuniu cerca de 8 mil pessoas em desafio ao regime.

Ivo Herzog, filho de Vladimir, presente no ato, expressou a esperança de que todos os familiares de vítimas da ditadura militar vejam um processo legal levado a cabo. Ele enfatizou a necessidade de investigação das circunstâncias dos crimes, indiciamento dos autores, julgamento e decisão do poder judiciário sobre a culpabilidade dos envolvidos.

Ivo Herzog também mencionou a importância da revisão do parecer do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à Lei da Anistia de 1979, uma luta da sociedade. A ADPF 320, que trata sobre a anistia, encontra-se sob análise do ministro Dias Toffoli há mais de oito anos.

“O Brasil tem uma tradição, desde que se tornou uma república, onde aconteceram vários golpes e ou tentativas de golpes. Todos esses eventos têm duas coisas em comum: a presença dos militares e a impunidade”, declarou Ivo.

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O Instituto Vladimir Herzog, amicus curiae da ADPF desde 2021, argumenta que a atual interpretação da Lei de Anistia assegura a impunidade dos crimes de lesa-humanidade cometidos por agentes da ditadura militar, contrariando tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é signatário.

Segundo Ivo, o tema da anistia tem sido sequestrado pela extrema-direita. “Anistia é um perdão. A anistia de 1979, por si só, é uma aberração, porque o regime autoritário da época nunca reconheceu que cometeu nenhum crime. Como anistiar quem não cometeu crime? A mesma coisa está acontecendo novamente com esses que estão sendo julgados pelo 8 de janeiro. Eles não admitem que cometeram crime”, afirmou.

O presidente em exercício Geraldo Alckmin também compareceu à cerimônia, afirmando que “A morte do Vladimir Herzog foi o resultado do extremismo do Estado que, ao invés de proteger os cidadãos, os perseguia e matava. Por isso, fortalecer a democracia, a justiça e a liberdade”. Ao ser questionado sobre a revisão da Lei da Anistia de 1979, ele respondeu: “acho que já demos bons passos nessa questão”.

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Ivo Herzog destacou a presença de Alckmin como um sinal do compromisso do Estado com a democracia. Ele relembrou o medo existente há 50 anos, quando milhares de pessoas compareceram à Catedral da Sé para protestar contra a morte de seu pai, em um momento de repressão e vigilância estatal.

Vladimir Herzog foi torturado e morto nas dependências do Doi-Codi, órgão de repressão da ditadura militar, após se apresentar voluntariamente ao local em 25 de outubro de 1975.

Na tarde do evento, jornalistas fizeram uma passeata desde o auditório Vladimir Herzog, na sede do sindicato da categoria em São Paulo, até a Sé para participar da cerimônia.

Diversas personalidades que estiveram presentes no primeiro ato há 50 anos retornaram à Catedral e foram homenageadas. A cerimônia contou com apresentações musicais, manifestações inter-religiosas e exibição de vídeos que relembravam a história de Vladimir Herzog e as vítimas da ditadura.

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Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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