China endurece exportações de terras raras e pressiona Trump antes da cúpula

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A China anunciou nesta quinta-feira novas restrições às exportações de terras raras, intensificando o controle sobre minerais essenciais para os setores de defesa e tecnologia. A decisão ocorre a poucas semanas da esperada cúpula entre Donald Trump e Xi Jinping, marcada para o fim de outubro na Coreia do Sul, durante o encontro da APEC.

O Ministério do Comércio chinês informou que empresas estrangeiras precisarão agora de licenças governamentais para exportar qualquer produto que contenha traços desses elementos provenientes da China. Além disso, empresas chinesas estão proibidas de prestar assistência técnica não autorizada a operações de mineração e processamento de terras raras em outros países.

Especialistas apontam que o momento das medidas é estratégico. “Essas restrições aumentam o poder de negociação de Pequim antes da cúpula entre Trump e Xi”, afirmou Tim Zhang, analista da Edge Research, de Cingapura.

A China é responsável por cerca de 70% da mineração global e 90% do processamento de terras raras. Esses 17 elementos são fundamentais para a fabricação de smartphones, veículos elétricos, mísseis, caças e sistemas de orientação.

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Setores mais afetados

As novas regras atingem diretamente os setores de defesa e semicondutores, considerados estratégicos por Pequim.

  • Empresas de defesa estrangeiras terão os pedidos de exportação negados.
  • Fabricantes de semicondutores avançados serão avaliados individualmente.
  • As restrições incluem tecnologias de mineração, fundição, reciclagem e produção de ímãs.

Essa não é a primeira vez que a China impõe limites ao setor. Em abril, o país já havia restringido sete elementos de terras raras, o que causou escassez global e pressionou cadeias de suprimentos até que acordos diplomáticos em junho aliviassem parte da crise.

Segundo George Chen, sócio do The Asia Group, “ambos os lados buscam estabilidade, mas ainda haverá ruído antes de um acordo definitivo”.

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Impacto em grandes empresas

As novas medidas devem atingir companhias norte-americanas como Apple e Nvidia, que dependem de materiais à base de terras raras em seus produtos. O impacto é ainda maior para o setor militar: um caça F-35 contém cerca de 900 libras desses elementos, enquanto submarinos utilizam mais de 9.000 libras.

Analistas avaliam que o movimento reforça a dependência global da China e pode servir como instrumento de pressão diplomática sobre os Estados Unidos em um momento delicado das relações bilaterais.

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