Cidade de vidro na lua: nasa planeja habitats lunares com poeira

Na renovada corrida para retornar à Lua, a NASA explora como transformar a paisagem lunar em um ambiente habitável. A agência espacial americana está estudando a construção de grandes cúpulas de vidro autorreparáveis diretamente na superfície lunar.

O projeto faz parte do programa Innovative Advanced Concepts (NIAC) da NASA, que financia ideias experimentais para revolucionar a exploração espacial. Entre os projetos selecionados está o da Skyeports, empresa californiana que investiga como derreter poeira lunar (regolito) para criar domos transparentes capazes de proteger astronautas e servir como habitats autossuficientes.
O método proposto envolve aquecer o regolito com fornos de micro-ondas até que ele derreta. Em seguida, o material incandescente é moldado usando tubos que o inflarão, de forma semelhante à técnica de um soprador de vidro. Após a solidificação, obtém-se uma estrutura forte e transparente feita inteiramente de recursos locais.
Testes iniciais em laboratório produziram esferas de alguns centímetros. O objetivo é ampliar a tecnologia para cúpulas de 300 a 500 metros de diâmetro, grandes o suficiente para abrigar módulos habitacionais, laboratórios e áreas de cultivo.
O vidro utilizado será polimérico e autorreparador, capaz de selar microfraturas causadas por impactos de micrometeoritos ou “terremotos lunares”. Além disso, o material oferece isolamento térmico e proteção contra radiação.

Cada bolha integrará painéis solares em sua superfície para gerar energia limpa. Em seu interior, será desenvolvido um ecossistema fechado, com plantas e sistemas de reciclagem que produzem oxigênio e água. A Skyeports afirma que essa abordagem permitirá que os astronautas vivam por meses sem depender de suprimentos terrestres, um passo fundamental rumo à autossuficiência espacial.
O formato esférico das cúpulas proporciona resistência à pressão interna e externa e tem um efeito psicológico. A transparência do vidro permitiria aos astronautas contemplar o céu lunar, o horizonte terrestre e as estrelas, ajudando a reduzir a sensação de isolamento.
Estudos do Centro de Pesquisa Langley da NASA sugerem que habitats fechados e opacos podem causar desorientação e claustrofobia durante missões prolongadas. As cúpulas transparentes visam tornar o espaço um lugar mais humano e habitável.
O projeto promete reduzir drasticamente os custos logísticos da exploração lunar. O transporte de materiais da Terra custa mais de um milhão de dólares por quilograma, enquanto a fabricação das estruturas com regolito local reduziria consideravelmente o custo das missões.
Os primeiros testes do sistema estão previstos para janeiro de 2026, em câmaras de vácuo térmico na Terra. Se os resultados forem favoráveis, os experimentos serão transferidos para a Estação Espacial Internacional (ISS) e, posteriormente, para a superfície lunar em uma missão de demonstração do programa Artemis IV.
Se os experimentos da Skyeports forem bem-sucedidos, a Lua poderá se tornar o primeiro bairro transparente da humanidade, uma janela aberta para uma nova era de vida além da Terra.
Fonte: www.tempo.com


