Clonagem de voz e vídeos falsos disparam: ataques deepfake crescem 17 vezes em um ano

Casos de clonagem de voz e vídeos falsos aumentam 17 vezes em um ano, com prejuízos milionários e avanço preocupante dos ataques deepfake.

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Os ataques de deepfake se tornaram uma das maiores preocupações no cenário digital global. De 2023 para 2024, o número de incidentes cresceu 17 vezes, segundo especialistas em cibersegurança. Com o uso cada vez mais acessível da inteligência artificial, criminosos conseguem criar clonagens de voz e vídeo convincentes com apenas três segundos de áudio, enganando pessoas e empresas e causando prejuízos que somam centenas de milhões de dólares.

A tecnologia, antes vista como ferramenta criativa, agora é explorada por golpistas que utilizam mensagens de correio de voz, vídeos de redes sociais e reuniões virtuais para obter material de clonagem. O CEO da Adaptive Security, Brian Long, afirma que o aumento dos ataques é alarmante: “Há um ano, apenas um em cada dez profissionais de segurança relatava um caso. Hoje, metade já enfrentou o problema”. Segundo ele, enquanto o phishing por e-mail cresceu quatro vezes, os ataques deepfake dispararam de forma muito mais agressiva, tornando-se uma ameaça real à confiança nas comunicações digitais.

As consequências financeiras são severas. Um levantamento da empresa Ironscales mostra que 85% das organizações sofreram algum tipo de incidente envolvendo deepfakes nos últimos 12 meses. Destas, 55% tiveram perdas financeiras, com prejuízos médios de US$ 280 mil por caso. Em 2025, apenas no primeiro semestre, as perdas globais ultrapassaram US$ 410 milhões, superando todo o total de 2024, que foi de US$ 359 milhões. Desde 2019, o valor total perdido com fraudes baseadas em deepfake já passa de US$ 897 milhões.

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O setor de criptomoedas é um dos mais afetados. A taxa de tentativas fraudulentas subiu de 6,4% para 9,5% em apenas um ano, um aumento de 654% nos incidentes ligados a vídeos e áudios falsos. Especialistas apontam que a facilidade de acesso a softwares de IA e a ausência de regulamentações globais claras são os principais fatores que impulsionam essa escalada.

Em algumas regiões, o cenário é ainda mais grave. O Oriente Médio viu um salto dramático nesses crimes: a Arábia Saudita teve aumento de 600%, enquanto o Iraque registrou 900% mais incidentes. Até mesmo autoridades públicas, como o ministro da Economia dos Emirados Árabes, Abdullah Bin Touq Al Marri, tiveram suas imagens falsificadas para golpes em redes sociais. Ele alertou a população sobre o risco de confiar em vídeos manipulados, destacando a necessidade de tecnologias que detectem falsificações com mais precisão.

A consultoria Deloitte estima que, até 2027, as perdas causadas por IA generativa e deepfakes ultrapassarão US$ 40 bilhões apenas nos Estados Unidos, refletindo o desafio crescente para governos e empresas. “A acessibilidade dessa tecnologia é uma ameaça significativa para todos os setores”, declarou Rob Woods, diretor de fraude e identidade da LexisNexis Risk Solutions.

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