CNH sem autoescola: queda de alunos preocupa setor de formação de condutores
Consulta pública sobre CNH sem autoescola já causa queda de alunos e preocupa autoescolas tradicionais em todo o país.

A recente abertura da consulta pública do Senat sobre a CNH sem autoescola está provocando mudanças imediatas no setor de formação de condutores em todo o país. Desde que o governo anunciou a proposta que tornaria opcional a contratação de autoescolas, permitindo que os alunos façam aulas práticas com instrutores autônomos utilizando carros próprios ou de terceiros, muitas empresas já sentiram o impacto.
Segundo relatos do setor, a diminuição nas matrículas foi rápida e expressiva. Igor Valência, presidente da Federação Nacional de Autoescolas, destaca que o movimento de novos alunos está praticamente parado. Para algumas empresas, a incerteza é tamanha que descontos foram oferecidos para cobrir gastos com combustível, mas nem mesmo essas medidas conseguiram atrair estudantes. A sensação geral é de alerta, já que a proposta é vista como uma mudança profunda na forma de formação de condutores.
A iniciativa do governo visa substituir a obrigatoriedade de um número mínimo de aulas práticas por uma prova prática mais rigorosa, mantendo, porém, o curso teórico obrigatório. Além disso, a proposta prevê a opção gratuita de cursos teóricos na modalidade EAD e a possibilidade de instrutores autônomos credenciados atuarem fora das autoescolas. A expectativa é de que a CNH sem autoescola reduza em até 80% o custo do processo de habilitação e permita a inclusão de milhões de pessoas que já dirigem sem habilitação, especialmente motociclistas.
Para especialistas, a mudança pode representar uma revolução no setor, mas também levanta dúvidas sobre segurança e qualidade do ensino. Empresas de autoescola tradicionais acreditam que precisariam se adaptar rapidamente, investindo em diferenciais ou novos serviços, para não perder espaço para instrutores autônomos. Por outro lado, defensores da proposta afirmam que o modelo pode democratizar o acesso à CNH e reduzir a informalidade no trânsito.
A consulta pública permanece aberta até o dia 2 de novembro, e a expectativa é que a sociedade e os profissionais do setor apresentem sugestões e críticas durante esse período. Após a etapa de contribuições, o texto deverá passar por votação no Contran antes de ser implementado. Até lá, o mercado de formação de condutores segue em alerta, acompanhando de perto os desdobramentos da CNH sem autoescola.
O setor observa, portanto, que a mudança não é apenas uma questão de economia, mas uma transformação que pode alterar profundamente a forma como milhões de brasileiros conquistam sua habilitação.





