Coca-cola sob alerta após evento com ministro punido pelos estados unidos
O patrocínio da Coca-Cola ao XXVI Congresso Nacional do Ministério Público, evento que contou com a participação do ministro Alexandre de Moraes como palestrante, gerou uma reação do governo dos Estados Unidos. O congresso, realizado em novembro, atraiu atenção devido à presença de Moraes, que foi alvo de sanções da administração Trump em 2025, com base na Lei Magnitsky.
Altos funcionários do Departamento de Estado dos EUA entraram em contato com executivos da Coca-Cola para expressar sua insatisfação com o patrocínio. O contato foi descrito como um telefonema de alerta, destacando o desconforto do governo americano com empresas que apoiam, mesmo que indiretamente, pessoas sancionadas.
O problema não se restringiu apenas à Coca-Cola. Outras empresas que apoiaram o congresso, incluindo Pic Pay, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Febraban, também foram observadas com atenção. A administração Trump avalia que empresas com atuação nos Estados Unidos devem ser mais cautelosas ao se associarem a figuras sob a Lei Magnitsky, sob risco de sanções secundárias.
O evento, realizado em Brasília, de 11 a 14 de novembro, teve como tema “O MP do futuro: democrático, resolutivo e inovador”. A participação de Moraes como palestrante foi um ponto central da preocupação americana.
O governo dos EUA considera inaceitável que empresas com sede ou atuação no país patrocinem eventos que deem visibilidade a indivíduos designados pela Lei Magnitsky, legislação criada para punir envolvidos em corrupção, violações de direitos humanos e ações antidemocráticas.
A avaliação interna do governo americano é que qualquer forma de apoio, financeiro ou institucional, pode ser vista como uma violação das sanções internacionais. Isso se aplica mesmo quando a empresa não participa da programação do evento, não tem relação direta com o palestrante sancionado, o patrocínio é oferecido há anos ou a empresa desconhece a presença da pessoa sancionada no evento.
Um integrante do Departamento de Estado declarou que empresas que prestam ajuda, com apoio financeiro, a qualquer pessoa designada pela Lei Magnitsky podem estar sujeitas a sanções.
O governo Trump pretende endurecer a fiscalização e revisar brechas legais, implementando de forma completa as restrições a pessoas sob sanção. Caso isso ocorra, os efeitos podem impactar Moraes, sua esposa, empresas brasileiras e multinacionais com atuação nos EUA, e os setores bancário, logístico e de tecnologia.
Nos EUA, empresas que violam a Lei Magnitsky podem enfrentar multas, proibição de operar no país, congelamento de ativos e inclusão em listas de restrição internacional.
Diante da repercussão, a Coca-Cola afirmou que é parceira institucional da Conamp há vários anos, apoia o congresso com foco no debate público, não participa da programação ou seleção de palestrantes, não foi informada sobre os nomes antes de confirmar o patrocínio e não teve representantes presentes no evento. A empresa alegou que não havia intenção de apoiar qualquer figura específica e desconhecia que Moraes participaria como orador.
Especialistas alertam para impactos diplomáticos, afirmando que o Brasil pode enfrentar ruídos caso eventos continuem envolvendo pessoas sancionadas por legislações estrangeiras. Há também o risco de empresas internacionais evitarem patrocínios a congressos institucionais, temendo punições indiretas.

