Como funciona a nova linha de crédito imobiliário do governo

Nova linha de crédito imobiliário amplia fontes de recursos, reduz juros e aumenta limite de imóveis financiáveis, beneficiando principalmente a classe média.

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A nova linha de crédito imobiliário anunciada pelo governo federal promete transformar a forma como os brasileiros financiam a compra da casa própria. Diferente dos modelos tradicionais baseados na caderneta de poupança, a proposta amplia as fontes de recursos para o financiamento habitacional, buscando atender principalmente à classe média, que muitas vezes fica de fora de programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida.

Essa mudança estrutural no sistema financeiro da habitação representa uma tentativa de dinamizar o mercado imobiliário, gerar empregos e estimular a economia.

Durante décadas, o crédito imobiliário brasileiro foi sustentado pela poupança. O sistema funcionava de maneira simples: a cada R$ 100 aplicados, os bancos eram obrigados a direcionar R$ 65 para empréstimos habitacionais, R$ 20 para o depósito compulsório no Banco Central e R$ 15 ficavam livres para uso bancário.

No entanto, com a queda constante no volume de depósitos nas cadernetas — resultado da migração dos investidores para produtos mais rentáveis, como Tesouro Direto e CDBs — o governo precisou buscar alternativas.

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Com a nova política, os recursos também virão de títulos do mercado financeiro, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e as Letras Garantidas Imobiliárias (LGI). Esses papéis permitem que bancos captem dinheiro diretamente de investidores, e parte desses recursos será destinada obrigatoriamente ao financiamento habitacional.

A lógica é a seguinte:

  • Se um banco captar R$ 1 milhão em LCIs ou LGIs e emprestar 80% desse valor em crédito imobiliário com juros de até 12% ao ano, o Banco Central autoriza a instituição a usar 100% da poupança de forma livre.
  • Isso amplia a capacidade de crédito dos bancos.
  • Antes, o uso desses recursos era restrito pela falta de novas captações.

Segundo estimativas do Banco Central, a medida pode liberar R$ 111 bilhões em novos financiamentos, sendo R$ 50 bilhões de novos recursos e R$ 37 bilhões de liberação imediata. Além disso, o limite do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) foi ampliado — agora imóveis de até R$ 2,25 milhões poderão ser financiados com taxas menores, em torno de 1% ao mês (12% ao ano).

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Essa mudança é especialmente positiva para a classe média, que costuma comprar imóveis entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões e muitas vezes não se enquadra em programas de habitação popular.

Paralelamente, o governo também anunciou uma linha voltada às famílias de baixa renda, focada em reformas habitacionais, com valores entre R$ 5 mil e R$ 30 mil, juros de até 1,95% ao mês e prazo de até 60 meses para pagamento.

Esses créditos poderão ser usados para:

  • Compra de materiais de construção;
  • Pagamento de mão de obra;
  • Projetos e acompanhamento de obras.

A proposta resgata o conceito do “puxadinho”, muito comum durante o segundo mandato de Lula, quando o setor da construção civil viveu um grande crescimento impulsionado por obras domésticas e ampliação de moradias.

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Além disso, a Caixa Econômica Federal voltou a financiar até 80% do valor dos imóveis, após um período em que o limite havia caído para 70% por falta de recursos. Com essa retomada e a ampliação das fontes de captação, espera-se maior acesso ao crédito e estímulo à construção civil.

Embora a medida tenha um pano de fundo político, com impactos nas eleições futuras, seu efeito prático é ampliar as possibilidades para quem sonha em conquistar ou melhorar sua moradia.

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