Comunidades indígenas do MS debatem impactos de agrotóxicos em ações educativas
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou uma série de atividades educativas focadas no uso e nas consequências dos agrotóxicos em quatro comunidades indígenas localizadas no Mato Grosso do Sul. A iniciativa, conduzida pela equipe de Educação Ambiental do Ibama/MS, teve como objetivo principal fomentar a discussão sobre os efeitos dessas substâncias na saúde, no meio ambiente e na cultura das populações nativas.
As aldeias Guassuty, situada em Aral Moreira; Te’yikue e Guyraroká, ambas em Caarapó; e Taquara, em Juti, foram os polos das ações. Nestes locais, foram promovidas oficinas, rodas de conversa, dinâmicas participativas e experiências agroecológicas, visando a um maior entendimento e à busca por soluções conjuntas.
A primeira oficina foi realizada na Escola Polo Municipal Indígena Arandu Renda Guarani/Kaiowá, em Guassuty, reunindo um total de 51 participantes. Além de membros da comunidade, estiveram presentes representantes de órgãos como a Funai, DSEI/Sesai, Iagro e Embrapa. Durante o encontro, foi abordada a questão do descarte inadequado de embalagens de agrotóxicos, bem como a importância de valorizar e resgatar práticas culturais ancestrais como forma de fortalecer os laços comunitários e promover a sustentabilidade.
Na aldeia Te’yikue, a equipe técnica do Ibama, em conjunto com os moradores, identificou áreas consideradas prioritárias para a restauração ecológica. A partir de visitas a nascentes e córregos apontados pela comunidade como locais de preocupação ambiental, os técnicos estão elaborando um projeto de recuperação de recursos hídricos e promoção da saúde ambiental. A Escola Municipal Indígena Ñandejara Polo também foi palco de atividades.
Em Guyraroká, o diálogo entre os participantes proporcionou uma rica troca de informações sobre os impactos dos agrotóxicos no organismo humano. Moradores compartilharam relatos de sintomas crônicos que, segundo eles, estão relacionados à exposição prolongada a essas substâncias. Como medida para mitigar os efeitos negativos, a comunidade propôs a realização de um projeto de reflorestamento comunitário, visando à recuperação de áreas degradadas e ao fortalecimento da conexão com a natureza.
Para encerrar a programação, a Aldeia Taquara, em Juti, promoveu um evento com ampla participação comunitária. Com o apoio da liderança local, que mobilizou os moradores e ofereceu suporte logístico, foram realizadas atividades práticas de agroecologia, além da distribuição de mudas e materiais educativos. A comunidade manifestou interesse em criar uma associação com o objetivo de fomentar a produção de alimentos agroecológicos, buscando alternativas mais sustentáveis e saudáveis.
Como resultado das ações, foram elaborados diagnósticos participativos em cada aldeia, com o intuito de identificar os principais desafios, conflitos locais, parceiros atuantes e soluções propostas pelas próprias comunidades. Esses documentos servirão como base para futuras iniciativas de educação ambiental e para fortalecer a autonomia indígena diante dos impactos dos agrotóxicos, garantindo a preservação de sua saúde, cultura e meio ambiente.

