Córnea impressa devolve visão a paciente em transplante inédito
Um marco histórico na medicina regenerativa foi alcançado com o primeiro transplante bem-sucedido de uma córnea totalmente impressa em 3D, restaurando a visão de um paciente considerado legalmente cego. A inovadora cirurgia foi realizada no Rambam Eye Institute, em Haifa, Israel, em colaboração com a Precise Bio, empresa especializada em biofabricação de tecidos.
A técnica utilizada envolveu um implante produzido a partir de células humanas de córnea cultivadas em laboratório, eliminando a necessidade de um doador tradicional. Este avanço, realizado no final de outubro, abre novas perspectivas para expandir o acesso a transplantes, especialmente em países com dificuldades de acesso a bancos de olhos e infraestrutura médica adequada.
A córnea desempenha um papel fundamental na visão e pode ser comprometida por traumas, infecções ou doenças genéticas. Embora os transplantes convencionais apresentem uma alta taxa de sucesso, a disponibilidade de tecido para transplante varia consideravelmente entre diferentes países. Em nações desenvolvidas, o tempo de espera pode ser de apenas alguns dias, enquanto em outras regiões, pode se estender por anos.
A impressão 3D oferece uma solução promissora para este problema. A partir de uma única córnea de um doador saudável, os pesquisadores conseguiram cultivar material suficiente para gerar cerca de 300 implantes. Isso representa um aumento significativo na oferta, permitindo atender a um número muito maior de pacientes que sofrem de cegueira devido a danos na córnea.
Este método também demonstra o potencial para uma produção escalável e padronizada, uma característica difícil de alcançar com as doações tradicionais.
O desenvolvimento desta tecnologia não ocorreu de forma repentina. A primeira versão de uma córnea impressa em 3D surgiu em 2018, na Universidade de Newcastle, no Reino Unido. Desde então, a Precise Bio tem aprimorado o processo ao longo de uma década, em colaboração com médicos e pesquisadores.
A empresa indica que o mesmo sistema poderá ser adaptado futuramente para imprimir outros tecidos, incluindo tecido cardíaco, células de fígado e células renais. Essas aplicações ainda demandam testes clínicos rigorosos para validação, mas sinalizam um possível progresso no tratamento de doenças graves, principalmente em casos de escassez de órgãos para transplante.

