Crédito estruturado exterior atrai investidores brasileiros: o que são clos?

Os Collateralized Loan Obligations (CLOs) estão ganhando espaço nas carteiras de investidores brasileiros, impulsionados pela busca por alternativas de crédito estruturado no mercado internacional. A combinação de risco pulverizado, retornos atrativos e uma regulamentação mais robusta no exterior posicionam os CLOs como um componente importante na diversificação global.
A popularização desses instrumentos coincide com o crescente interesse dos investidores em estruturas mais complexas. Segundo Marc Forster, head Brasil da Franklin Templeton, o mercado de renda fixa global oferece oportunidades que vão além do mercado local. No entanto, a compreensão da dinâmica, nomenclatura e estrutura dos CLOs é essencial para aproveitar essas novas possibilidades.
Esse movimento ganha força em um cenário de queda nos prêmios de crédito em ativos tradicionais, incentivando a busca por formas sofisticadas e mais rentáveis de exposição ao risco.
Os CLOs consistem em empréstimos corporativos garantidos, agrupados em uma estrutura securitizada que divide os riscos em diferentes níveis. Essa estrutura é semelhante aos FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) brasileiros, embora existam diferenças importantes. Forster ressalta que os CLOs foram criados com amarras legais que proporcionam maior segurança e transparência do que os FIDCs.
Antes da estruturação de um CLO, o gestor analisa carteiras de empréstimos corporativos concedidos por bancos, geralmente para empresas com classificação abaixo do grau de investimento. Esses empréstimos são garantidos e têm prioridade na estrutura de capital das empresas.
Após uma seleção diversificada por setor, os empréstimos são reunidos em uma “casca”, criando o CLO. Em seguida, o CLO é dividido em tranches, desde a camada mais segura, com retornos de cerca de 1%, até a porção de equity, que absorve o risco residual, mas oferece retornos significativamente maiores. Enquanto os FIDCs brasileiros costumam ter até três níveis de subordinação, os CLOs internacionais podem ser divididos em até sete camadas.
Essa variedade permite uma calibração precisa de risco e retorno, permitindo que investidores com diferentes apetites por risco encontrem seu ponto de conforto. Investidores institucionais, como fundos de pensão, geralmente preferem papéis com ratings elevados, enquanto investidores individuais podem optar por tranches mais arriscadas, como a de equity.
Nos Estados Unidos, o mercado de CLOs movimenta cerca de US$ 1,5 trilhão, enquanto na Europa, o volume é de US$ 250 bilhões. O crescimento é impulsionado pela compressão dos spreads tradicionais e pelo aumento do conhecimento dos investidores sobre esses instrumentos.
A grande vantagem dos CLOs reside na pulverização do risco: um único CLO pode conter centenas de empréstimos, e um fundo de CLOs pode ter centenas de CLOs dentro dele, totalizando dezenas de milhares de empréstimos na carteira. Isso permite o acesso a empresas não investment grade com risco diluído e monitoramento regulatório rigoroso.
Nos Estados Unidos, a popularidade dos CLOs é maior, com uma presença significativa de investidores individuais, o que pressiona os retornos para baixo, mas aumenta a liquidez. Na Europa, o mercado é mais institucional, o que mantém os prêmios médios mais elevados. A escolha da tranche depende do objetivo de cada fundo ou investidor.
A medida que mais investidores brasileiros compreendem o crédito estruturado global, o espaço para CLOs tende a crescer, impulsionado pela combinação de educação, diversificação e busca por prêmios de crédito.




