Crescimento do PIB em agosto fica abaixo do esperado pelo mercado
Prévia do PIB cresce 0,4% em agosto, abaixo das expectativas, e sinaliza ritmo lento de recuperação da economia brasileira.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado a prévia do PIB, registrou crescimento de 0,4% em agosto em relação ao mês anterior, encerrando uma sequência de três quedas consecutivas. O dado, divulgado nesta quinta-feira (16), ficou abaixo das expectativas do mercado, que projetava alta entre 0,6% e 0,7%. O resultado reforça que a economia brasileira ainda enfrenta um ritmo moderado de recuperação, mesmo com sinais de reação após meses de retração.
Especialistas apontam que a indústria foi o principal motor desse crescimento, com avanço de 0,8% no mês. Os impostos, que refletem a arrecadação do governo, subiram 0,7%, enquanto os serviços registraram aumento de 0,2%. Por outro lado, o setor de agropecuária apresentou queda de 1,85%, marcando a quinta retração consecutiva, o que pressiona a economia em meio ao desempenho mais fraco do campo.
No acumulado de 12 meses, o IBC-Br mostra crescimento de 3,2%, desacelerando em relação aos 3,54% registrados até julho. Em comparação com agosto de 2024, a prévia do PIB teve aumento modesto de apenas 0,1%, reforçando a ideia de que a expansão econômica ainda encontra obstáculos, especialmente em um cenário de juros elevados. Atualmente, a Selic permanece em 15% ao ano, o maior patamar em duas décadas, o que tem impacto direto sobre o consumo e os investimentos no país.
O resultado de agosto também evidencia que a economia brasileira continuará operando em ritmo mais contido nos próximos trimestres. O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou a projeção de crescimento do PIB para 2025, elevando de 2,3% para 2,4%, mas reduziu a expectativa para 2026, de 2,1% para 1,9%, citando efeitos das tarifas dos Estados Unidos sobre o comércio nacional. Já o Banco Central mantém previsão de expansão de 2% em 2025 e 1,5% em 2026, destacando que a política monetária continuará restritiva por um período prolongado para garantir a convergência da inflação à meta.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 4 e 5 de novembro, deve confirmar a manutenção da Selic em 15%, reforçando o compromisso do Banco Central com o controle da inflação, mesmo diante de um crescimento econômico mais lento. Economistas alertam que, embora o IBC-Br indique sinais de reação em setores específicos, a recuperação completa do país ainda depende de fatores internos e externos que seguem pressionando o ritmo de expansão.