Crise na strategy agrava queda do bitcoin: o que está acontecendo?

O bitcoin enfrenta um período de instabilidade, com diversos fatores contribuindo para a sua desvalorização. Um dos elementos que ganhou destaque recentemente é a crise enfrentada pela Strategy (MSTR), considerada a maior compradora de bitcoin em todo o mundo.
A empresa, que frequentemente serviu como uma via indireta de exposição ao ativo para investidores institucionais e de varejo, enfrenta um momento crítico que, para alguns analistas, pode colocar em risco um modelo que começou a ser replicado globalmente e é visto como um dos impulsionadores do preço do bitcoin.
A Strategy, fundada por Michael Saylor, acumula uma queda superior a 40% no último mês. A baixa, mais acentuada que a do próprio bitcoin, intensificou-se após um alerta do JPMorgan, que desencadeou um aumento nas vendas no mercado de criptomoedas e coincidiu com uma reviravolta nas bolsas americanas.
Em um relatório, o JPMorgan sugeriu que a queda recente da Strategy está menos relacionada ao desempenho do bitcoin e mais associada ao risco crescente de que a MSCI retire a empresa de índices importantes, como o MSCI USA, MSCI World e Nasdaq 100. A justificativa seria que empresas que adquirem bitcoin para o caixa se assemelham mais a fundos do que a outras empresas listadas, o que demandaria um tratamento diferenciado. A decisão final está prevista para ser anunciada em 15 de janeiro.
Segundo o banco, uma parcela significativa do valor de mercado da empresa está alocada em fundos passivos que replicam esses benchmarks. Uma possível exclusão poderia resultar em saídas automáticas de bilhões de dólares, além de reduzir a liquidez, enfraquecer o acesso aos mercados de capitais e exercer pressão adicional sobre um ativo já conhecido por sua alta volatilidade.
Diante da pressão, Michael Saylor se manifestou publicamente, enfatizando que a Strategy não é um fundo ou um trust, mas sim uma empresa operacional com um negócio de software avaliado em US$ 500 milhões. Ele também destacou que a empresa utiliza o bitcoin como capital produtivo dentro de uma estratégia própria e mencionou a emissão de títulos estruturados em 2025 como prova de sua atuação ativa.
Analistas apontam fatores adicionais para o ambiente de venda no mercado de criptomoedas, como a redução de posições por investidores de longo prazo e a liquidação de uma grande quantidade de bitcoins por uma “baleia”. A deterioração macroeconômica também contribui para o pessimismo, com o receio de que o Federal Reserve não implemente o corte de juros previsto.
O JPMorgan também aponta que a queda do bitcoin tem sido impulsionada por investidores não-cripto, principalmente do varejo que acessa o mercado por meio de ETFs de Bitcoin e Ethereum. Saídas expressivas foram registradas nesses ETFs, intensificando a pressão vendedora, enquanto temores infundados ampliaram o nervosismo entre investidores menos experientes.
Segundo análises técnicas, há alguma demanda compradora tentando conter a pressão sobre o bitcoin, mas as resistências de curto e médio prazo estão distantes. No caso do Ethereum, a predominância é de força vendedora, com suportes projetados em níveis específicos.




