Crise no leite atinge produtores gaúchos e dificulta acesso ao crédito

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O setor leiteiro do Rio Grande do Sul enfrenta um período turbulento, marcado pela queda contínua nos preços e pelo crescente endividamento dos produtores. Em outubro, o valor de referência do leite pago ao produtor registrou uma baixa de 4% em relação ao mês anterior, fixando-se em R$ 2,21 por litro.

Diante deste cenário, o governo gaúcho implementou o programa Bônus Mais Leite, visando fortalecer a produção leiteira na agricultura familiar. A iniciativa destinará R$ 10 milhões em subvenções para operações contratadas através do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). O programa é destinado a produtores que vendem leite cru para indústrias, cooperativas ou queijarias, possuam agroindústria legalizada ou tenham o CAF (Cadastro Nacional da Agricultura Familiar) ativo.

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Rural, o programa oferece bônus de 25% sobre o valor financiado, com limite de até R$ 5.000 para custeio (produção de alimentos para animais, compra de insumos, ração e sanidade animal) e até R$ 25.000 para investimento (irrigação, armazenagem de água, manejo de solo, máquinas, sala de ordenha e equipamentos).

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Entretanto, o acesso ao crédito tem se mostrado um desafio para muitos produtores, que enfrentam dificuldades devido ao alto nível de endividamento. Essa situação acaba por limitar a adesão ao Bônus Mais Leite. Produtores relatam a dificuldade em manter a atividade, com altos investimentos e pouco retorno, além da preocupação com as importações de leite.

A crise no setor leiteiro tem provocado um êxodo de produtores no Rio Grande do Sul. Em dez anos, o número de produtores diminuiu drasticamente, passando de 84 mil para apenas 28 mil. Os principais motivos para essa redução incluem o alto custo de produção, o baixo preço pago pelo litro de leite, o aumento das importações, o forte endividamento e a falta de previsibilidade de renda. A meta do governo estadual é que o programa Bônus Mais Leite alcance pelo menos 2.800 produtores.

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