Del toro reimagina Frankenstein: fantasia hiperbólica e paternidade no cinema

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Guillermo del Toro apresenta sua versão de “Frankenstein” nos cinemas, recebendo aclamação, especialmente do público jovem, na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O filme, um espetáculo de som e imagem, exibe o estilo característico e hiperbólico de Del Toro, marcado por fantasia exagerada, cenários grandiosos, personagens surreais, iluminação expressionista e uma trilha sonora constante e impactante.

O diretor mexicano oferece uma nova perspectiva sobre a obra de Mary Shelley, explorando a obsessão do cientista Victor Frankenstein (Oscar Isaac) em criar um novo homem, motivada por uma relação opressiva com seu pai (Charles Dance). Del Toro desloca o foco do romance original, que tratava dos perigos da ciência que desafia a criação, para o tema da paternidade.

Elizabeth (Mia Goth) não é mais a noiva de Victor, mas sim de seu irmão, William (Felix Kammerer). No entanto, a marca registrada de Del Toro é a hipérbole em todos os elementos do filme. O monstro (Jacob Elordi) demonstra uma capacidade de aprendizado acelerada, dominando a leitura em poucos dias e exibindo uma força sobre-humana. Os experimentos científicos de Frankenstein com partes do corpo humano são retratados com detalhes gráficos, assim como ataques violentos de lobos.

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A narrativa é intensificada por uma apresentação constante e exagerada, com música e efeitos sonoros amplificados, deixando pouco espaço para o silêncio e a reflexão do espectador. Em última análise, a Criatura entrega uma mensagem simples: viver em liberdade e permitir que os outros façam o mesmo.

Outros filmes que se destacaram na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo incluem “Bugonia”, de Yorgos Lanthimos, uma comédia sobre dois primos que sequestram uma CEO da indústria de agrotóxicos sob a crença de que ela é uma alienígena; “Jovens Mães”, de Jean-Pierre e Luc Dardenne, que acompanha a vida de cinco mães adolescentes em um abrigo na Bélgica; “Kontinental ’25”, de Radu Jude, que aborda temas como xenofobia e especulação imobiliária na Transilvânia; “Mirrors nº 3”, de Christian Petzold, sobre a relação entre duas mulheres após um acidente de carro; e “90 Decibéis”, de Fellipe Barbosa, que retrata os desafios enfrentados por pessoas com deficiência.

Entre os clássicos restaurados apresentados na Mostra, destacaram-se “Queen Kelly” (1929), de Erich von Stroheim, e “Aniki-Bóbó” (1942), de Manoel de Oliveira. “Queen Kelly” foi exibido em uma versão que busca refletir as intenções originais de Stroheim, enquanto “Aniki-Bóbó” narra a história de crianças pobres no Porto.

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