Depressão pós-sexo: entenda o que é, causas e como identificar
A relação sexual, frequentemente associada ao prazer, nem sempre resulta em sentimentos positivos para todos. A depressão pós-sexo, caracterizada por emoções como tristeza, raiva, ansiedade e um sentimento de vazio, pode ocorrer mesmo após uma experiência sexual prazerosa e consensual.
Conhecida também como disforia pós-coito (DPC), essa condição afeta tanto homens quanto mulheres, com uma parcela considerável da população experimentando-a pelo menos uma vez na vida.
Uma das causas mais comuns está ligada à liberação de hormônios como dopamina e ocitocina durante o orgasmo. Embora esses hormônios proporcionem sensações positivas, a queda subsequente pode desencadear um efeito rebote. No entanto, outros fatores podem contribuir para a depressão pós-sexo.
A disforia pós-coito se manifesta de maneira similar em homens e mulheres. Devido a tabus sociais e culturais relacionados ao sexo e ao prazer feminino, as mulheres podem sentir-se menos à vontade para expressar seus sentimentos durante os sintomas da disforia.
Estresse, baixa autoestima, traumas de infância ou relacionados ao sexo, transtornos psicológicos e emoções reprimidas figuram entre as principais causas da disforia, uma condição de saúde multifatorial.
A disforia, oposta à euforia, é caracterizada por uma sensação de vazio e desconexão. Além das reações mencionadas, algumas pessoas podem experimentar crises de choro, vergonha ou culpa após a relação sexual.
Uma pesquisa da Universidade de Surrey, na Inglaterra, investigou a abrangência de sentimentos inexplicáveis após a atividade sexual. O estudo envolveu entrevistas com 223 mulheres e 76 homens que responderam a um questionário online com 21 sintomas e perguntas adicionais. Os resultados indicaram que a depressão pós-sexo pode ser mais comum do que se imagina.
De todos os participantes, 91,9% relataram algum sintoma pós-sexo no último mês e 94,3% desde o início da atividade sexual. Os sintomas mais comuns em mulheres foram alterações de humor e tristeza, enquanto em homens foram infelicidade e baixa energia. O estudo também apontou que as mulheres relataram com mais frequência tristeza, alterações de humor, frustração e sentimentos de inutilidade.
Os sintomas pós-sexo estiveram presentes após relação sexual consensual em 73,5% dos entrevistados, após atividade sexual em geral para 41,9% e após masturbação para 46,6%. Quase 34% dos participantes disseram que experimentaram os sintomas apenas após o orgasmo.
Uma pesquisa da Universidade de Pádua, na Itália, destacou que 48,3% das mulheres afirmaram ter chorado pelo menos uma vez após a relação sexual, em comparação com apenas 5,7% dos homens.
Um estudo da Universidade de Queensland, na Austrália, com 1.208 homens, revelou que 41% relataram ter experimentado a depressão pós-sexo em algum momento da vida, 20,2% no último mês e 4% regularmente. Homens com transtornos mentais, como depressão e ansiedade, e com traumas passados, são mais propensos a experimentar sentimentos negativos após uma relação sexual.
A DPC foi associada a sofrimento psicológico atual, abuso sexual na infância e diversas disfunções sexuais.
A depressão pós-sexo pode ocorrer em diferentes fases da vida. Em alguns casos, são episódios pontuais que requerem apenas cuidados imediatos.
Recomenda-se conversar com o parceiro ou alguém de confiança sobre os sentimentos pós-sexuais ou recorrer à escrita terapêutica. Se a depressão pós-sexo for recorrente, é fundamental buscar ajuda de um profissional de saúde, como um psicólogo, para investigar as causas da disforia. A prática sexual deve ser um momento de prazer e bem-estar; quando o oposto acontece, o quadro precisa ser investigado.
