Desastres climáticos causam perdas trilionárias na agricultura, alerta relatório

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A agricultura global enfrenta um cenário alarmante, com eventos climáticos extremos causando impactos financeiros significativos. Um novo relatório revela que secas, enchentes, tempestades, pragas e ondas de calor estão exercendo uma pressão sem precedentes sobre a produção de alimentos em todo o mundo.

Entre 1991 e 2023, os desastres naturais resultaram em perdas agrícolas diretas estimadas em US$ 3,26 trilhões, o que corresponde a uma média anual de US$ 99 bilhões. Esse valor evidencia a influência crescente da instabilidade climática na produção de alimentos em escala global.

O relatório, que abrange três décadas de dados, demonstra que cereais, frutas, vegetais, carne e laticínios sofreram perdas massivas, totalizando bilhões de toneladas desperdiçadas antes de chegarem aos consumidores. Diante da necessidade de aumentar a produção de alimentos para atender às demandas de uma população crescente, o relatório serve como um alerta para a comunidade internacional.

O estudo aponta que os desastres estão se intensificando consistentemente. As secas, em particular, merecem atenção especial, sendo o evento mais comum e o principal responsável pela queda na produtividade de cereais e outras culturas essenciais. A combinação de altas temperaturas, déficit hídrico prolongado e solos com menor capacidade de retenção de umidade tem provocado reduções drásticas nos rendimentos agrícolas em diversas regiões do planeta. Inundações e tempestades também se tornaram mais destrutivas, resultando em prejuízos significativos e interrupções prolongadas na produção.

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A desigualdade nos impactos é outro ponto crucial. Países de baixa e média renda sofrem perdas proporcionais maiores, especialmente onde a agricultura familiar é predominante. Na África, por exemplo, a perda relativa equivale a 7,4% do PIB agrícola, de acordo com o relatório. Esses impactos não são apenas econômicos, mas também sociais, com cada safra perdida representando um risco para a segurança alimentar de milhões de pessoas.

Os dados do relatório revelam que entre 1991 e 2023, as perdas agrícolas globais totalizaram US$ 3,26 trilhões. Os cereais foram o grupo mais afetado, com 4,6 bilhões de toneladas perdidas, seguidos por hortaliças e frutas, com 2,8 bilhões de toneladas, e carne e laticínios, com cerca de 900 milhões de toneladas. As secas continuam sendo o evento mais destrutivo, especialmente para as culturas de base alimentar. A ocorrência de desastres sucessivos, como seca seguida de enchente, agrava drasticamente as perdas de produtividade.

Esses números indicam que a agricultura global enfrenta um cenário em que eventos extremos são cada vez mais frequentes. As perdas refletem a vulnerabilidade dos sistemas de cultivo, a infraestrutura limitada para conter desastres e um ritmo de mudança climática superior à capacidade de adaptação dos produtores.

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Embora o relatório tenha um foco global, suas conclusões têm implicações diretas para países como o Brasil, uma potência agrícola altamente dependente de condições climáticas previsíveis. O país enfrenta simultaneamente secas severas em algumas regiões, enchentes destrutivas em outras, ondas de calor extremas e eventos de chuva intensa associados a fenômenos climáticos como El Niño e La Niña.

Diante desse contexto, torna-se urgente fortalecer as estratégias de adaptação, o que inclui aprimorar os sistemas de alerta antecipado, ampliar o acesso a seguros rurais, investir em manejo hídrico, diversificar cultivares e atualizar o zoneamento agrícola de risco climático.

Fonte: www.tempo.com

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