Desmatamento no cerrado reduz potencial de produção de soja em bilhões, aponta estudo

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Um estudo recente revela que o desmatamento no Cerrado brasileiro para fins agrícolas tem causado impactos negativos na produção de soja, resultando em perdas financeiras significativas para o setor. A pesquisa aponta que a remoção da vegetação nativa leva a condições climáticas mais secas, que prejudicam a produtividade da cultura.

O estudo argumenta que a diminuição da produtividade incentiva os agricultores a desmatar ainda mais áreas, acelerando a degradação do Cerrado e complicando os esforços de conservação. O Cerrado, segundo maior bioma do Brasil, abrange uma área de mais de 2 milhões de quilômetros quadrados, o que corresponde a aproximadamente 23% do território nacional.

A análise estima que a região do Cerrado poderia ter produzido um adicional de US$ 9,4 bilhões em soja, o equivalente a quase 8% de sua produção total, no período de dez anos abrangido pelo estudo, caso não houvesse desmatamento para a produção de soja desde 2008.

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A pesquisa analisou dados de produção, rendimento, exportação e preço da soja de 840 municípios do Cerrado entre 2013 e 2023, bem como dados de precipitação e aridez.

Apesar dos impactos climáticos negativos, os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que os rendimentos médios de soja no Brasil têm apresentado uma tendência de aumento desde 2008/2009. Esse aumento é atribuído ao uso de novas tecnologias, como sementes transgênicas e melhores insumos agrícolas, que impulsionaram a produtividade em quase 38%, atingindo 3,62 toneladas métricas por hectare em 2024/2025.

A autora do estudo esclarece que a análise não nega o aumento da produção, mas demonstra que esse aumento ocorre apesar das perdas climáticas. A diferença entre a produção real e o que poderia ter sido produzido, estimada em cerca de 34 milhões de toneladas devido ao desmatamento no Cerrado de 2013 a 2023, revela a discrepância entre o potencial e o resultado alcançado, destacando o impacto negativo da perturbação climática.

O Brasil, principal produtor e exportador mundial de soja e um dos maiores fornecedores para a China, tem a previsão de colher cerca de 178 milhões de toneladas na safra atual.

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