Dia nacional do samba celebra a tradição e resistência da música brasileira
O Brasil celebra, nesta terça-feira, 2 de dezembro, o Dia Nacional do Samba, um ritmo musical enraizado na história e cultura do país. Trazido por africanos escravizados, o samba se consolidou como uma das maiores expressões culturais brasileiras, permeando gerações e representando a identidade nacional.
A iniciativa de criar a data comemorativa partiu de um vereador da Bahia, em homenagem ao compositor mineiro Ary Barroso, pela sua primeira visita a Salvador. Barroso é o autor do clássico “Na Baixa do Sapateiro”, uma das canções mais emblemáticas da música popular brasileira. A celebração, inicialmente restrita à Bahia, logo se estendeu a todo o território nacional.
Embora existam debates sobre qual foi o primeiro samba gravado, a canção “Pelo Telefone”, de Donga, é amplamente reconhecida como pioneira. A partir daí, o samba se popularizou e diversificou, incorporando influências de outros estilos musicais e das diferentes regiões do país.
Originário da cultura negra, o samba enfrentou preconceito e discriminação, sendo associado à marginalidade em seus primórdios. O sambista Jorginho do Império, com mais de 50 anos de carreira, relata um episódio de repressão sofrido na infância: “Meu pai comprou um pandeiro para mim. Aí veio o Carnaval, eu saí todo empolgado com meu pandeirinho debaixo do braço para desfilar na Presidente Vargas. Quando eu passo ali, um soldado do Exército veio e disse que eu não podia levar aquele meu instrumento e prendeu. Eu perdi meu primeiro instrumento ali, que era um pandeiro. Então, tinha muita repressão, era muita coisa, era muito complicado, não era fácil, né?”.
O Rio de Janeiro é considerado o berço do samba no Brasil, com três de seus gêneros musicais reconhecidos como patrimônio cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2007: as rodas de samba, que celebram o partido-alto; o samba de terreiro, tradição das escolas de samba; e o clássico samba-enredo, que embala os desfiles de Carnaval.
Grandes nomes como Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho e Beth Carvalho elevaram o samba a um patamar de reconhecimento nacional e internacional, tornando-se referências para a música brasileira.
O samba continua a ser celebrado em rodas de samba, shows, ensaios e, principalmente, nos desfiles de Carnaval, perpetuando a tradição e mantendo viva a chama da cultura popular brasileira.
Jorginho do Império resume a essência do samba em uma mensagem de esperança: “Vai ter que amar a liberdade, só vai cantar em tom maior, vai ter a felicidade de ver um Brasil melhor”.
