É por isso que certas palavras te ofendem tanto
Descubra por que certas palavras e atitudes nos ofendem tanto e como a psicanálise explica essa sensibilidade emocional profunda.

Você já parou para pensar por que certas palavras ou atitudes ofendem tanto, mesmo que, para outras pessoas, pareçam insignificantes? Às vezes, um comentário neutro, uma crítica leve ou apenas um tom de voz diferente pode gerar um aperto no estômago, deixar o rosto quente e ficar martelando na cabeça por horas, ou até dias. A psicanálise revela que essas reações nem sempre têm relação com o que foi dito naquele momento, mas com experiências antigas que ainda carregamos dentro de nós.
Rosana Castro, psicanalista, explica que a forma como reagimos às situações em que nos sentimos ofendidos está profundamente ligada às feridas do passado. Muitas vezes, a pessoa que reage com intensidade não é o adulto que vemos no espelho, mas a criança interior que ainda carrega inseguranças, medos e sentimentos de inadequação. Essas marcas emocionais influenciam diretamente como interpretamos críticas ou discordâncias no presente.
No dia a dia, essas situações podem surgir em qualquer ambiente. No trabalho, um comentário sobre um detalhe que poderia ser ajustado após uma apresentação pode parecer um ataque pessoal, mesmo quando não há intenção. Em casa, um pedido simples do parceiro pode ser interpretado como desvalorização. Esses pequenos momentos revelam como a sensibilidade exagerada muitas vezes reflete feridas internas, e não a realidade externa.
A psicanálise aponta mecanismos de defesa que ajudam a proteger nosso ego, mas que podem distorcer a percepção do que realmente acontece. A projeção, por exemplo, ocorre quando uma pessoa transfere para o outro sentimentos ou falhas que não consegue reconhecer em si mesma. Assim, uma crítica neutra pode ser percebida como algo profundamente ofensivo, porque toca exatamente em algo que a pessoa evita enfrentar em si mesma.
Outro fator que aumenta a sensação de ser ofendido é a ferida narcísica, quando a imagem idealizada de nós mesmos é ameaçada. Uma simples discordância pode despertar ansiedade, insegurança e a sensação de estar em perigo, mesmo sem intenção do outro. Esses padrões se formam desde a infância e podem perdurar, dificultando que adultos lidem com frustrações de maneira saudável.
Reconhecer essa dinâmica é o primeiro passo para mudar. É possível criar espaço entre o que nos machuca e como reagimos, perceber que muitas vezes não é o outro que nos diminui, mas vozes antigas internas, e buscar ajuda profissional para curar essas feridas. Com isso, torna-se possível sentir menos medo, menos raiva e menos sofrimento diante de situações que antes pareciam nos ofender profundamente.