Entrei na estação para fugir dos tiros, conta moradora abalada

O Rio de Janeiro enfrentou um dia de caos e apreensão nesta terça-feira, com moradores ilhados em meio a uma intensa operação policial nos Complexos da Penha e do Alemão. A ação, que resultou em um alto número de mortos e prisões, paralisou a cidade e dificultou o deslocamento de milhares de pessoas.
O transporte público, como estações de metrô e pontos de ônibus, ficou sobrecarregado. Segundo informações da Polícia Militar, criminosos de uma facção teriam ordenado o bloqueio das principais vias, aumentando o clima de insegurança.
Uma professora, identificada como Marise Flor, relatou ter ficado no fogo cruzado ao tentar voltar para casa de ônibus. Seu filho tentou resgatá-la, mas a presença de barricadas impediu o acesso. Ela precisou desembarcar na estação Outeiro Santo, em Jacarepaguá, devido aos bloqueios criminosos.
A situação se agravou quando policiais militares chegaram ao local e efetuaram disparos para dispersar a população que se aglomerava na área. Marise Flor, em busca de proteção, correu de volta para a estação. “Entrei na estação de volta por baixo da roleta para me esconder dos tiros”, declarou.
Após um momento de pânico, ela conseguiu solicitar um carro de aplicativo e, com a ajuda do filho, finalmente chegou em casa, onde desabou emocionalmente.
Em outra parte da cidade, no Engenho Novo, a atendente de um quiosque de sorvete, Mariana Colbert, grávida de quatro meses, se deparou com ruas bloqueadas logo pela manhã. Segundo ela, ônibus foram usados para impedir o trânsito. Estima-se que mais de 50 veículos tenham sido utilizados como barricadas em diferentes pontos do Rio de Janeiro.
Para conseguir chegar ao trabalho, Mariana precisou caminhar até Inhaúma e pegar um ônibus que desviou da comunidade dominada pela facção. Apesar das dificuldades, ela conseguiu chegar ao destino, ao contrário de muitos outros que não puderam trabalhar naquele dia. Ao final do expediente, um carro de aplicativo a levou para casa, em um trajeto que encontrou as vias já liberadas e com forte presença policial.
A operação policial, considerada a maior em 15 anos, mobilizou cerca de 2,5 mil agentes civis e militares nos Complexos do Alemão e da Penha. O objetivo declarado é capturar líderes criminosos e impedir a expansão da facção. No entanto, a ação já se tornou uma das mais letais, superando o número de mortos da operação no Jacarezinho em 2021.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br



