Especialistas alertam para o uso seguro da inteligência artificial na medicina
A inteligência artificial (IA) está cada vez mais presente na medicina, impactando a tomada de decisões clínicas. O foco agora é como implementar essa tecnologia de forma segura e responsável, garantindo que os algoritmos sejam confiáveis e baseados em boas práticas. A preocupação central é evitar que diagnósticos e tratamentos sejam comprometidos.
O uso da IA na medicina já é uma realidade, mas o médico Charles Souleyman, diretor-executivo da Rede Total Care, alerta que utilizá-la apenas para acelerar o atendimento pode ser prejudicial. Ele critica modelos de telemedicina focados em consultas rápidas e superficiais, que podem levar a diagnósticos imprecisos e solicitação excessiva de exames. O desafio é incorporar a IA sem automatizar o atendimento de forma indiscriminada, aproveitando seu potencial como aliada, mas com cautela.
Para que a IA realmente auxilie nas decisões clínicas, é fundamental que ela se baseie em dados consistentes. A qualidade e validação dos algoritmos são cruciais. Carlos Sacomani, urologista e especialista em projetos de telemedicina, destacou durante o FISweek 2025, evento sobre inovação em saúde, a importância da robustez dos dados e da validação dos algoritmos. Ele também alertou para produtos que prometem soluções abrangentes, mas nem sempre cumprem, gerando uma falsa sensação de precisão se não validados corretamente.
Um algoritmo confiável deve usar bases de dados amplas e representativas, passar por validações consistentes antes da aplicação clínica, ser transparente sobre suas limitações e cenários de uso, ser atualizado frequentemente com novos estudos e ser revisado constantemente por profissionais especializados.
Outro ponto crucial é a formação dos profissionais de saúde para trabalhar com a IA. Souleyman aponta que a capacitação ainda não faz parte dos currículos das faculdades de medicina, o que gera uma lacuna importante. É essencial preparar os médicos para fazer as perguntas certas e interpretar as sugestões da IA com senso crítico.
Consultas assistidas por IA têm o potencial de melhorar a experiência do paciente. A ferramenta pode auxiliar o médico a organizar dúvidas comuns, sugerir abordagens mais acolhedoras e indicar exames complementares, sempre com supervisão humana. No dia a dia, a IA também pode otimizar o fluxo interno, agilizar o tempo do especialista e tornar o atendimento mais eficiente.
As discussões do FISweek 2025 evidenciam que a inteligência artificial tem o potencial de transformar o cuidado ao paciente e a gestão hospitalar. No entanto, isso só será possível com validação rigorosa, critérios bem definidos e profissionais preparados para usá-la de forma ética e consciente.
