Extrativistas protestam na cop30 por mais reconhecimento na proteção de florestas

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Centenas de líderes extrativistas de diferentes biomas brasileiros marcharam pelas ruas de Belém na última quinta-feira, defendendo seus direitos territoriais e o papel das reservas de uso sustentável no equilíbrio ecológico e no combate às mudanças climáticas. Com o lema “a morte da floresta é o fim da nossa vida”, o ato denominado Porongaço dos Povos da Floresta reuniu seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, pescadores artesanais, quebradeiras de coco e outros povos e comunidades tradicionais.

A caminhada, iluminada pelas chamas das porongas – lamparinas tradicionalmente usadas por seringueiros – tornou-se um símbolo da luta histórica do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), fundado em 1985 sob a liderança de Chico Mendes. O movimento surgiu nos seringais do Acre na década de 1970, buscando dar voz e articulação política aos extrativistas diante da violência, da grilagem e da destruição ambiental.

A manifestação ocorreu como uma atividade paralela à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que está sendo realizada em Belém. Letícia Moraes, vice-presidente do CNS, destacou que as populações extrativistas compreendem o território como uma extensão de seus próprios corpos, ressaltando que o bem-estar da floresta, dos rios e das áreas costeiras está diretamente ligado ao bem-estar dessas comunidades.

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Segundo o CNS, as reservas e projetos de assentamento agroextrativistas protegem mais de 42 milhões de hectares de florestas e rios através do uso sustentável, representando 5% do território nacional. Estima-se que essas áreas armazenem aproximadamente 25,5 bilhões de toneladas de CO2 equivalente, o que corresponde a cerca de 11 anos das emissões totais do Brasil.

Na COP30, as comunidades extrativistas brasileiras são representadas por um enviado especial, o líder extrativista Joaquim Belo, que busca garantir que os serviços ecossistêmicos prestados por essas populações sejam incluídos como metas de mitigação das mudanças climáticas.

Ao final da marcha, um documento do CNS foi entregue à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. A carta elenca uma série de demandas, incluindo o reconhecimento formal das reservas extrativistas, reservas de desenvolvimento sustentável e demais territórios tradicionais na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira e nos tratados climáticos, destacando sua contribuição para a redução do desmatamento, a manutenção da vegetação nativa e a conservação de estoques de carbono. O CNS também reivindica prioridade para esses territórios em políticas de adaptação e mitigação, com investimentos consistentes e apoio à gestão comunitária.

Em seu discurso, a ministra Marina Silva, que tem uma história como seringueira no Acre ao lado de Chico Mendes, enfatizou o papel fundamental dessas comunidades como guardiões da floresta, destacando que seu modo de vida protege a floresta, a biodiversidade e sequestra carbono.

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Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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