Falta de verba faz INSS parar bônus que acelerava análise de benefícios
INSS suspende programa que acelerava análises de benefícios por falta de verba, ampliando a preocupação com o aumento da fila de espera.

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) anunciou a suspensão temporária do Programa de Gerenciamento de Benefícios (PGB), iniciativa criada para acelerar a análise de pedidos e diminuir o tempo de espera por aposentadorias e auxílios. A interrupção, confirmada pelo presidente da autarquia, Gilberto Waller Jr., ocorreu por falta de verba e foi comunicada oficialmente ao Ministério da Previdência nesta terça-feira (14).
O documento enviado por Waller pede uma suplementação orçamentária de R$ 89,1 milhões para que o programa possa continuar operando. A decisão chega em um momento delicado, quando mais de 2,6 milhões de brasileiros aguardam a conclusão de seus processos de benefícios.
O PGB, implantado em abril de 2025, previa o pagamento de bônus aos servidores que superassem a meta de análises diárias, o que ajudava a diminuir o acúmulo de pedidos. Desde que entrou em vigor, o projeto vinha sendo considerado uma das principais ferramentas para enfrentar o crescimento da fila do INSS. No entanto, sem novos repasses, o instituto determinou que as análises extraordinárias sejam paralisadas, devolvendo todos os processos pendentes à fila comum de processamento.
Essa medida impacta diretamente segurados que aguardam aposentadorias, pensões e auxílios, incluindo o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A fila, que já vinha crescendo, ultrapassou a marca de 2 milhões de solicitações em dezembro de 2024, chegando ao pico de 2,7 milhões em março de 2025. Segundo Tiago Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social de São Paulo, “se com o bônus não conseguimos acabar com a fila, sem ele a tendência é que ela aumente ainda mais”.
O cenário orçamentário da Previdência tem sido desafiador. Além da suspensão do PGB, o setor enfrenta a redução no quadro de funcionários, que atualmente conta com menos de 19 mil servidores administrativos, metade do número de sete anos atrás. Consultores da Comissão Mista de Orçamento já haviam alertado que seriam necessários R$ 20 bilhões adicionais ao valor de R$ 1,007 trilhão destinado aos benefícios previdenciários neste ano.
A crise ocorre paralelamente à Operação Sem Desconto, do Supremo Tribunal Federal (STF), que bloqueou R$ 390 milhões do Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi) por suspeita de descontos indevidos e lavagem de dinheiro em benefícios do INSS.
O instituto afirmou que está trabalhando junto aos órgãos competentes para garantir a liberação dos recursos e retomar o programa o quanto antes. Enquanto isso, o INSS orienta que os cidadãos acompanhem o andamento de seus pedidos pelo aplicativo Meu INSS, sem realizar novas solicitações.