Fluxo de calor antigo registrado em rochas sedimentares surpreende pesquisadores

Estudo revela como rochas sedimentares antigas registram o fluxo de calor da Terra, oferecendo novas perspectivas sobre os oceanos primitivos.

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esquisadores descobriram que rochas sedimentares antigas podem contar a história do fluxo de calor da Terra há bilhões de anos. A equipe da Universidade de Göttingen e do Centro Helmholtz de Geociências GFZ desenvolveu um método inovador para medir o calor que passou através da crosta terrestre usando isótopos de oxigênio em cherts, um tipo de rocha rica em sílica formada no fundo do oceano. O estudo, publicado em 16 de outubro na revista Geology, abre novas perspectivas sobre como nosso planeta se comportava há até 3,5 bilhões de anos, desafiando interpretações anteriores sobre o clima primitivo da Terra.

A técnica permite medir, pela primeira vez, o fluxo de calor histórico do interior da Terra até o fundo do mar, oferecendo uma visão direta sobre a evolução térmica do planeta. Segundo Oskar Schramm, autor principal do estudo, a análise de cherts do platô Shatsky Rise, no Pacífico ocidental a leste do Japão, revelou padrões de transferência de calor dependentes da idade da crosta oceânica. Rochas recém-formadas a partir do magma mostraram um fluxo de calor mais intenso, enquanto crostas mais antigas apresentaram resfriamento significativo ao longo do tempo.

Os pesquisadores utilizaram três isótopos de oxigênio — O16, O17 e O18 — junto a dados de perfurações internacionais para confirmar que as variações isotópicas refletem a intensidade do calor que atravessou a crosta. Com um modelo computacional verificado por medições oceânicas independentes, foi possível quantificar o fluxo de calor antigo com precisão inédita, oferecendo explicações para fenômenos que intrigam geoquímicos desde os anos 1960, como a baixa presença de O18 em rochas sedimentares antigas.

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Essa abordagem sugere que oceanos primitivos extremamente quentes podem ter sido menos comuns do que se pensava, e que as condições geotérmicas tiveram papel fundamental no resfriamento do fundo do mar.

O estudo também aponta para futuras pesquisas sobre padrões incomuns de isótopos de oxigênio, que podem ter sido influenciados por cinzas vulcânicas ou outros processos secundários. Segundo o professor Michael Tatzel, essas análises adicionais podem refinar ainda mais a compreensão sobre a história térmica da Terra e o ambiente que moldou o surgimento da vida. O trabalho fornece uma base sólida para novas interpretações sobre a habitabilidade da Terra primitiva, ajudando cientistas a reconstruir como os primeiros oceanos e a crosta terrestre evoluíram ao longo de bilhões de anos.

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