Fóssil de vômito revela nova espécie de pterossauro no brasil

Uma nova espécie de pterossauro, um réptil voador pré-histórico, foi identificada no Brasil a partir de um achado inusitado: um regurgitólito fossilizado, popularmente conhecido como “vômito” de dinossauro. A descoberta, realizada em um sítio paleontológico no Nordeste brasileiro, representa a primeira vez que uma espécie é descrita com base em um regurgitólito.
Há aproximadamente 110 milhões de anos, um dinossauro se alimentou de dois pterossauros e, logo após, regurgitou-os nas planícies e lagos da região que hoje corresponde ao Nordeste do Brasil. O vômito fossilizado, uma mistura de ossos e fluidos, foi descoberto há décadas durante escavações no Grupo Santana, na Bacia do Araripe, uma área que abrange partes dos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí.
A análise recente revelou que os ossos presentes no regurgitólito pertenciam a uma espécie de pterossauro até então desconhecida pela ciência. Trata-se do primeiro pterossauro filtrador, que se alimentava filtrando pequenos organismos aquáticos, descrito nos trópicos e o primeiro do tipo encontrado em território brasileiro.
A nova espécie foi nomeada Bakiribu waridza, uma expressão que significa “boca de pente” na língua indígena Kariri, em homenagem aos povos originários da região do Araripe. O B. waridza possuía uma mandíbula alongada com diversos dentes longos e finos, que utilizava para filtrar seu alimento, de maneira semelhante às baleias e flamingos atuais. Acredita-se que ele usava o bico para “peneirar” organismos aquáticos, como pequenos crustáceos, para se alimentar.
A dentição única do B. waridza foi crucial para sua identificação. A estrutura dental fossilizada representa um estágio intermediário na evolução dos pterossauros filtradores do grupo Ctenochasmatinae, altamente especializado em filtração. A morfologia da espécie apresenta características europeias e sul-americanas, o que pode contribuir para a compreensão de como o comportamento filtrador evoluiu entre os pterossauros.
O material fossilizado estava armazenado na coleção do Museu Câmara Cascudo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sem informações precisas sobre sua origem ou o responsável pela coleta. O regurgitólito será entregue ao Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, no Ceará, com o objetivo de garantir a preservação do fóssil em seu local de origem e evitar práticas de colonialismo científico.
Fonte: www.tempo.com

