Futuro da alface ameaçado por temperaturas extremas no brasil
O cultivo tradicional de alface no Brasil poderá enfrentar sérios desafios nas próximas décadas, conforme indicam mapas de risco climático elaborados por pesquisadores. A pesquisa, baseada em projeções do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e modelos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), aponta que o aumento das temperaturas poderá tornar a produção da hortaliça inviável em grande parte do território nacional até o final do século.
Os mapas de risco climático revelam um cenário preocupante, onde quase todo o Brasil apresentará risco alto ou muito alto para o cultivo de alface. As projeções foram construídas com base em dois cenários climáticos distintos: um cenário otimista, que considera um controle parcial das emissões de gases de efeito estufa, e um cenário pessimista, onde as emissões continuam a crescer sem controle até 2100.
As temperaturas máximas projetadas para o verão brasileiro, que poderão ultrapassar os 40°C em diversas regiões, representam um fator crítico para a produção de alface. A hortaliça necessita de clima ameno para o seu desenvolvimento pleno, e o calor extremo pode provocar florescimento precoce, queima das folhas e até a morte das plantas, comprometendo a produtividade e a qualidade do produto final.
Segundo especialistas, os mapas de risco climático são uma ferramenta crucial para antecipar os impactos das mudanças climáticas e orientar ações de pesquisa e adaptação dos sistemas produtivos. A compreensão de como as mudanças climáticas afetam a produção de alface em um país tropical como o Brasil é fundamental para garantir a segurança alimentar e minimizar perdas econômicas futuras.
Diante desse cenário desafiador, pesquisadores têm intensificado os esforços em duas frentes principais: o melhoramento genético de cultivares mais tolerantes ao calor e o desenvolvimento de sistemas produtivos sustentáveis e adaptados ao clima. O objetivo é garantir a continuidade da produção de alface no Brasil, mesmo diante dos efeitos das mudanças climáticas.
Esses mapas de risco climático representam um estudo de vanguarda sobre inteligência climática aplicada às hortaliças. A expectativa é que o material possa auxiliar na tomada de decisões sobre as melhores regiões e épocas de plantio, além de subsidiar a elaboração de políticas públicas e a avaliação de riscos da produção no crédito agrícola.



