Guerra comercial afeta margens da 3tentos no terceiro trimestre

A 3tentos enfrentou desafios no terceiro trimestre, apesar de uma safra recorde e do aumento da sua participação no mercado de distribuição de insumos. Uma guerra comercial impactou os preços das commodities, prejudicando as margens de esmagamento de soja da empresa.
A companhia reportou uma queda de 51% no Ebitda ajustado, totalizando R$ 166 milhões. A margem Ebitda também sofreu uma redução significativa, passando de 9,8% para 3,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os resultados ficaram abaixo das expectativas do mercado, que projetava uma margem Ebitda de 6,4%.
De acordo com o CEO da 3tentos, a piora no desempenho operacional reflete os desafios enfrentados pela indústria de soja, impactada pela queda nos preços do farelo e pela sustentação dos preços da oleaginosa no Brasil, impulsionada pela forte demanda da China.
A guerra comercial fez com que a China comprasse soja no Brasil, elevando o preço da matéria-prima. No entanto, os preços em Chicago estavam sob pressão, o que impediu que o farelo acompanhasse essa valorização.
O adiamento da entrada em vigor do B15, a mistura obrigatória de 15% de biodiesel ao diesel, também contribuiu para pressionar as margens de esmagamento. Apesar de ter entrado em vigor em agosto, para a 3tentos, a medida começou a valer apenas em setembro, devido aos contratos bimestrais da empresa com as distribuidoras.
Como resultado desses problemas, a margem da 3tentos na divisão industrial diminuiu oito pontos percentuais, caindo de 20,5% no terceiro trimestre do ano anterior para 12,5%.
Apesar dos desafios, os dois fatores que pressionaram a indústria no terceiro trimestre já foram revertidos. A implementação do B15 se normalizou e a tensão na guerra tarifária diminuiu. Atualmente, observa-se um cenário de prêmios mais baixos no Brasil e um aumento significativo no preço do farelo, o que está contribuindo para a normalização das margens.
Desde o final de setembro, quando o farelo atingiu o menor valor do ano na Bolsa de Chicago, os preços subiram aproximadamente 20%.
As operações de hedge realizadas pela companhia para se proteger de situações como a do terceiro trimestre foram eficazes. A empresa obteve um ganho financeiro de R$ 202,6 milhões com operações com derivativos de commodities, opções e NDFs.
Para demonstrar o impacto positivo dessas transações, a 3tentos apresentou uma simulação que mostra um Ebitda de R$ 369 milhões considerando o resultado das operações de hedge, representando um crescimento de 3,6% em relação ao mesmo período de 2024.
O lucro líquido da 3tentos caiu 36%, atingindo R$ 203 milhões, devido a efeitos contábeis como ajuste de estoques e contas de clientes. No entanto, a receita líquida consolidada aumentou 43%, chegando a quase R$ 5 bilhões.
Na distribuição de insumos, a receita da 3tentos totalizou R$ 1 bilhão, com um crescimento de 43% em relação ao terceiro trimestre de 2024. Esse resultado foi impulsionado principalmente pelo aumento da participação de mercado.
No Mato Grosso, os produtores anteciparam as compras e utilizaram tecnologias, enquanto no Rio Grande do Sul, o cenário apresentou mais desafios.
Diante das renegociações de dívida rural, os agricultores estão comprando insumos de forma mais cautelosa. Os níveis de inadimplência na 3tentos permanecem próximos aos níveis históricos.
Impulsionada pelas colheitas recordes de soja e milho no Mato Grosso, a receita líquida da divisão de grãos disparou 93%, atingindo R$ 1,7 bilhão. Além disso, a 3tentos tem fortalecido sua área de originação, com a abertura de escritórios próximos a hubs logísticos estratégicos.



