Humanos aceleram extinções como não se via há 66 milhões de anos

Ação humana acelera extinções de espécies em ritmo sem precedentes, alerta estudo e destaca urgência de conservação global.

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Um estudo recente publicado na quarta-feira alerta que a ação humana pode estar desencadeando a maior crise de extinção de espécies desde o impacto do asteroide que eliminou os dinossauros há 66 milhões de anos. Embora as taxas de perda de biodiversidade ainda não tenham atingido o ponto de uma verdadeira “extinção em massa”, os pesquisadores destacam que a situação pode se tornar crítica se a destruição de habitats e a degradação ambiental continuarem aceleradas.

A pesquisa, conduzida pelo Dr. Jack Hatfield do Leverhulme Centre for Anthropocene Biodiversity da Universidade de York e publicada na Global Change Biology, comparou as perdas de espécies modernas com registros fósseis, utilizando décadas de estudo ambiental e debates com paleobiólogos e ecologistas. Segundo Hatfield, o ritmo atual de mudanças é inédito nos últimos 66 milhões de anos, mas ainda existe oportunidade de ação.

“Nossa espécie se tornou uma força definidora na história da Terra, e ainda temos o poder de decidir como essa história termina”, afirmou o pesquisador.

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Os cientistas explicam que uma extinção em massa é caracterizada pela perda de pelo menos 75% das espécies da Terra em um período geologicamente curto, normalmente cerca de 2 milhões de anos. O cenário atual lembra o evento de extinção do Eoceno-Oligoceno, há 34 milhões de anos, causado por mudanças climáticas globais, mas ocorre em um ritmo muito mais rápido. Dados recentes indicam que mais de 47 mil espécies estão ameaçadas de extinção, correspondendo a 28% de todas as espécies avaliadas, com taxas de perda estimadas entre 100 e 1.000 vezes superiores às naturais.

As mudanças climáticas intensificam ainda mais o problema. Na última semana, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) reclassificou três espécies de focas do Ártico como mais ameaçadas devido ao derretimento acelerado do gelo marinho. O aquecimento global no Ártico ocorre quatro vezes mais rápido do que em outras regiões, impactando drasticamente o habitat dessas espécies.

Além disso, mais de 61% das aves do planeta apresentam populações em declínio, um aumento significativo em relação a 2016, quando eram 44%.

Apesar do cenário preocupante, alguns casos mostram que a conservação pode fazer diferença. A tartaruga-verde, por exemplo, teve sua classificação elevada de “em perigo” para “menos preocupante”, com crescimento populacional de aproximadamente 28% desde a década de 1970, resultado de políticas de proteção e conservação de habitats.

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Os pesquisadores traçam o impacto humano na biodiversidade até 130 mil anos atrás, desde extinções de megafauna como mamutes e preguiças-gigantes, passando por espécies insulares e chegando às extinções modernas, incluindo o tigre-da-tasmânia e a vaca-marinha-de-steller. Esses registros reforçam que as ações humanas podem alterar profundamente o curso da vida na Terra, mas também mostram que mudanças positivas ainda são possíveis.

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