Implante retinal revolucionário restaura visão em casos de degeneração macular

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Um avanço notável na medicina oftalmológica oferece esperança para indivíduos que sofrem de formas graves de degeneração macular relacionada à idade (DMAE). Pesquisadores desenvolveram um implante de retina protético capaz de restaurar parcialmente a visão em pacientes afetados pela doença. Se aprovado, o dispositivo poderá beneficiar cerca de um milhão de pessoas nos Estados Unidos que enfrentam a perda da visão central, principalmente idosos.

A degeneração macular leva à morte de células na região central da retina, resultando em atrofia geográfica. Pacientes com essa condição experienciam um ponto cego no centro do campo visual, mantendo apenas a visão periférica. Apesar da preservação da visão periférica, atividades cotidianas como leitura, reconhecimento facial e locomoção tornam-se desafiadoras.

Um estudo publicado no The New England Journal of Medicine revelou que 27 dos 32 participantes conseguiram retomar a leitura com o auxílio do implante.

O implante não oferece uma restauração completa da visão natural. A visão proporcionada é em preto e branco, ligeiramente borrada e com um campo de visão limitado. No entanto, pacientes que antes tinham pouca capacidade visual ganharam, em média, cinco linhas em um teste padrão de acuidade visual. O sistema é composto por:

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Um chip retinal do tamanho de um alfinete, implantado na retina para substituir as células danificadas.
Óculos equipados com uma câmera que captura imagens e as converte em sinais de infravermelho.
Um software que projeta os sinais no implante, estimulando os neurônios remanescentes da retina.
Uma função de zoom que amplia as imagens, facilitando a leitura, embora em um ritmo mais lento.

A recuperação da visão requer treinamento, um processo que pode levar meses, pois a percepção visual com o implante e a câmera difere da visão natural. Apesar desse período de adaptação, os pesquisadores enfatizam que, para pacientes com visão extremamente limitada, a restauração parcial da visão representa uma mudança significativa em suas vidas.

Efeitos colaterais foram observados em 19 pacientes, incluindo aumento da pressão ocular, rupturas na retina e sangramentos. No entanto, o estudo indicou que esses efeitos foram, em sua maioria, controláveis e se resolveram em até dois meses.

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O dispositivo foi originalmente desenvolvido pela Pixium Vision, uma empresa francesa que foi adquirida pela Science Corporation. Atualmente, a Science Corporation busca aprovação para comercializar o implante na Europa e nos Estados Unidos. Daniel Palanker, o inventor do chip e professor de física em Stanford, dedicou 21 anos ao desenvolvimento do dispositivo.

Palanker ressalta que o dispositivo atual é apenas um ponto de partida e que uma versão aprimorada, com uma resolução significativamente superior, já demonstrou resultados promissores em testes preliminares com ratos.

Especialistas concordam que, apesar de suas limitações, este avanço representa uma nova esperança para milhões de pessoas que sofrem de degeneração macular avançada. O implante se destina a pacientes com perda de fotorreceptores na retina central, permitindo-lhes ler e reconhecer formas básicas. O dispositivo requer o uso de uma câmera acoplada a óculos para capturar imagens e um treinamento prolongado para adaptação. Os efeitos colaterais são geralmente controláveis, e um novo modelo promete maior resolução e uma experiência visual aprimorada.

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