Investidor brasileiro persiste com baixa diversificação e foco no mercado local
O cenário global de investimentos passou por uma transformação significativa com o fim das taxas de juros próximas de zero. Este novo ambiente, caracterizado por juros mais altos e menor tolerância a desequilíbrios fiscais, reacendeu o debate sobre a importância da diversificação, especialmente para investidores no Brasil que, tradicionalmente, mostram preferência por ativos domésticos.
Em um debate sobre alocação global, especialistas ressaltaram que a diversificação é crucial para investidores brasileiros, dada a alta correlação entre os ativos de risco locais. A renda fixa, por exemplo, recuperou sua atratividade em meio a esse novo contexto.
A crise de 2008 deu início a um período prolongado de juros baixos e políticas de repressão financeira. A pandemia da Covid-19 e o aumento dos gastos públicos intensificaram a inflação, forçando os bancos centrais a adotarem políticas monetárias mais restritivas. O desafio atual é alocar capital em um cenário de juros consideravelmente diferentes de zero.
Um dos pontos críticos destacados é a persistente falta de diversificação entre os investidores brasileiros, que mantêm a maior parte de seus investimentos concentrados no mercado interno.
Outro consenso entre os especialistas é a crescente sensibilidade dos mercados globais ao risco fiscal. O mercado demonstra menor tolerância à desorganização fiscal, como visto em episódios recentes em países como Japão, Reino Unido e França, onde preocupações sobre a sustentabilidade da dívida pública causaram instabilidade nos mercados de títulos. Nos Estados Unidos, o debate fiscal também ganhou relevância, principalmente em títulos de longo prazo.
Enquanto economias emergentes já lidam com a necessidade de disciplina fiscal, o problema se mostra mais delicado para as economias desenvolvidas, que se tornaram dependentes de políticas fiscais expansionistas após a pandemia.
Apesar da recente fraqueza do dólar, a moeda americana continua sendo a principal referência global, impulsionada pelo tamanho da economia dos EUA e pela solidez de suas instituições. No entanto, a Inteligência Artificial (IA) surge como um fator disruptivo que pode redefinir o futuro. A IA já está sendo incorporada em modelos macroeconômicos, antecipando ganhos de produtividade com menor pressão inflacionária. A tecnologia representa uma mudança de paradigma comparável à eletrificação e pode transformar a dinâmica microeconômica global, tornando-se o grande diferencial da primeira metade do século XXI.





