Lavouras de soja enfrentam desafios com chuvas irregulares no brasil

A safra de soja super precoce enfrenta um cenário desafiador nesta primavera. A demora na chegada das chuvas em outubro já havia levado ao replantio em áreas de Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Maranhão e Piauí. Agora, no final de novembro, embora a precipitação esteja mais concentrada no centro e norte do país, sua distribuição permanece irregular.
Relatos indicam chuvas intensas em algumas localidades, enquanto municípios vizinhos enfrentam longos períodos de estiagem. Essa instabilidade tem afetado o desenvolvimento da soja super precoce, que exige umidade constante no solo. Produtores relatam abortamento de flores e vagens, principalmente nas áreas de plantio inicial.
A atmosfera, segundo especialistas, apresenta-se “estéril”, com temperaturas mais baixas e menor disponibilidade de vapor d’água. A frequência de massas de ar frio e seco, mais intensas do que o normal, e a temperatura do oceano Atlântico, abaixo da média na costa leste do Brasil desde setembro, contribuem para essa condição.
Com uma atmosfera mais fria, especialmente em altitudes elevadas, e menor umidade, aumenta a probabilidade de formação de nuvens de tempestade com excesso de gelo, resultando em eventos de granizo de grande porte.
Tempestades severas têm atingido lavouras de soja e trigo no norte do Rio Grande do Sul, parreirais no noroeste paulista, cana-de-açúcar no centro de São Paulo e soja no sudoeste de Goiás e nos Campos Gerais do Paraná.
Além do granizo, a chuva, embora localizada, tem sido intensa em algumas regiões. No norte de Santa Catarina, o volume excessivo causou transtornos à agricultura. Em Luiz Alves, um dos maiores produtores de banana do Brasil, parte das plantações ficou submersa após uma precipitação de 140mm em poucas horas.
A previsão para os próximos 15 dias indica que a concentração de chuvas persistirá no centro e norte do país, incluindo o Matopiba, sul do Pará e do Amazonas, Mato Grosso e Rondônia.
Contudo, especialistas alertam para a existência de “buracos de tempo seco”. Áreas próximas à Ilha do Bananal, no sudoeste de Tocantins, e o Alto Araguaia, no sul de Mato Grosso, devem receber menos chuva do que o normal. Essa situação pode gerar relatos de excesso e falta de chuva em áreas relativamente próximas dentro de um mesmo estado.
Com a maior parte da precipitação concentrada na porção norte do país, espera-se pouca chuva desde o Rio Grande do Sul até o centro de Minas Gerais nas próximas duas semanas. Apesar da previsão de um ciclone extratropical no centro e sul do país no início da próxima semana, com tempestades e possível granizo, a frequência desses eventos deve diminuir, especialmente no Rio Grande do Sul, colocando em risco o desenvolvimento da soja e do milho.
No setor cafeeiro, a oscilação de preços observada nesta semana reflete tanto o excesso de chuva no Vietnã quanto a baixa precipitação no sul de Minas Gerais em novembro. A previsão de chuvas abaixo do normal para os próximos 15 dias em grande parte de Minas Gerais pode intensificar as especulações sobre a safra.


