Locomotiva a etanol: A aposta que pode acelerar a descarbonização do Brasil

Vale e Wabtec iniciam projeto para criar locomotiva a etanol na EFVM, visando reduzir emissões e avançar na descarbonização ferroviária brasileira.

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A Vale e a Wabtec Corporation deram um passo importante para o futuro do transporte ferroviário sustentável no Brasil. As empresas anunciaram, nesta segunda-feira (13), uma parceria voltada ao desenvolvimento de locomotivas a etanol na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), uma das principais rotas de transporte de minério do país. O projeto representa uma das maiores iniciativas já realizadas no setor para reduzir o uso de combustíveis fósseis e diminuir as emissões de carbono.

De acordo com as companhias, o foco inicial será o desenvolvimento de um motor flex (dual fuel) capaz de operar com diesel puro ou com uma mistura de diesel e etanol. Os primeiros testes serão realizados em laboratório, com o objetivo de avaliar a viabilidade técnica e os ganhos ambientais do sistema. A previsão é que essa fase seja concluída até 2027, quando os resultados devem indicar o potencial da tecnologia para uso em larga escala.

Segundo Danilo Miyasato, presidente da Wabtec na América Latina, este é um marco histórico: “Pela primeira vez, o etanol será utilizado como fonte de energia em uma locomotiva. Essa iniciativa coloca o Brasil na linha de frente da inovação ferroviária global.” A proposta tem relevância internacional, já que o país é um dos maiores produtores de etanol do mundo, o que pode gerar novas oportunidades de exportação tecnológica no futuro.

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A Vale, por sua vez, destaca que o projeto faz parte de uma estratégia mais ampla de descarbonização de suas operações. Em 2024, o transporte ferroviário respondeu por cerca de 14% das emissões de carbono da empresa. Para reduzir esse impacto, a mineradora tem investido em soluções de energia limpa e, em março deste ano, firmou acordo para a compra de 50 locomotivas Evolution Series, adaptadas para operar com até 25% de biodiesel misturado ao diesel convencional.

De acordo com Carlos Medeiros, vice-presidente de Operações da Vale, “iniciativas como essa reforçam o compromisso da companhia em acelerar a transição energética de sua frota e contribuir para um futuro de baixo carbono”.

A parceria surge em um contexto no qual o transporte ferroviário brasileiro já é considerado uma das opções mais sustentáveis do setor logístico. Estudos apontam que as ferrovias emitem cerca de 85% menos gases de efeito estufa do que o transporte rodoviário, o que torna projetos como o da locomotiva a etanol essenciais para reduzir ainda mais o impacto ambiental da cadeia produtiva nacional.

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