Lula defende américa latina como zona de paz e soberania

Em um discurso enfático, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou a prioridade de manter a América Latina como uma “zona de paz”, defendendo a soberania regional e criticando abertamente intervenções externas. A declaração foi feita durante a cerimônia de recebimento das credenciais de 28 novos embaixadores no Brasil, realizada nesta segunda-feira.
Lula enfatizou aos diplomatas estrangeiros que a América Latina é um continente livre de armas de destruição em massa e que não enfrenta conflitos étnicos ou religiosos significativos. Para o presidente, “intervenções estrangeiras podem causar danos maiores do que o que se pretende evitar”, alertando para os riscos de agravar a polarização e a instabilidade na região.
“Vocês serão tratados e terão atenção do Itamaraty como se fossem amigos nossos há muitos anos”, assegurou Lula aos embaixadores, reforçando o compromisso do Brasil com o multilateralismo. Segundo ele, esse multilateralismo se baseia em relações cordiais, comerciais, econômicas e, acima de tudo, pacíficas, “sem ódio, sem negacionismo e sem ferir o princípio básico da democracia e dos direitos humanos”.
Recentemente, o Brasil, juntamente com a maioria dos países latino-americanos, expressou “profunda preocupação” com a movimentação militar “extra-regional” no Caribe, em uma referência indireta ao envio de navios, submarinos e militares pelos Estados Unidos à costa da Venezuela.
Lula também destacou a importância da política internacional em seu governo, mencionando as 37 visitas a países realizadas durante seu terceiro mandato. Ele ressaltou a relevância dos eventos multilaterais que o Brasil sediará este ano, incluindo a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em novembro, e a Cúpula do Mercosul, em dezembro.
Os representantes de El Salvador, Albânia, Camboja, Tailândia, Tanzânia, Belarus, Quênia, Omã, República Dominicana, Burkina Faso, Bangladesh, Mauritânia, Sudão, Senegal, Uruguai, República Democrática do Congo, Suíça, Países Baixos, Bélgica, Emirados Árabes, Irlanda, Zâmbia, Áustria, Finlândia, Malásia, Gana, Líbano e Sri Lanka estão agora oficialmente habilitados a atuar no país.
A nomeação de um novo embaixador exige uma consulta prévia ao país anfitrião, um processo diplomático conhecido como agrément. Uma vez concedido o agrément, o embaixador assume o cargo após a entrega formal das credenciais enviadas pelo presidente de seu país ao governo do país onde atuará. A apresentação das cartas credenciais ao presidente da República é uma formalidade essencial que amplia as prerrogativas de atuação do diplomata no Brasil. Sem a recepção das credenciais, o embaixador não pode representar seu país em audiências ou solenidades oficiais.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br