Mudanças climáticas: setor privado tem papel crucial na cop30

Compartilhe

A mensagem da Organização das Nações Unidas (ONU) é clara: ultrapassamos o limite de aquecimento global de 1,5°C, mas ainda há tempo para reverter essa trajetória. O Acordo de Paris estabeleceu uma transformação a longo prazo, e a velocidade com que agimos para reduzir as temperaturas globais e mitigar seus impactos é crucial.

A responsabilidade primária por essa mudança recai sobre o setor empresarial, com o apoio de governos que estabeleçam regras claras e incentivos para fontes limpas de energia em detrimento dos combustíveis fósseis.

Empresas têm se comprometido com o Acordo de Paris há quase uma década. A COP30, a ser realizada em Belém, no Pará, representa um momento decisivo para o setor privado traduzir compromissos em ações concretas.

Um estudo recente da ONU revelou que a maioria dos líderes empresariais reconhece a necessidade de ação: 88% afirmam que a sustentabilidade é economicamente vantajosa, 96% acreditam que ela deve integrar a estratégia corporativa e 99% planejam manter ou ampliar seus compromissos ambientais e sociais. Para 86% dos CEOs, a sustentabilidade já é parte central de suas operações.

Publicidade

No entanto, apenas metade dos líderes empresariais se sente à vontade para comunicar publicamente seus avanços, não por falta de convicção, mas por cautela diante do contexto político global.

O ano mais quente da história escancarou o custo da inação, com desastres climáticos causando perdas econômicas globais estimadas em US$ 391 bilhões em 2024. Cadeias de suprimentos, agricultura e finanças estão sendo impactadas por fenômenos extremos. A cada ano que passa, os custos aumentam e as opções se reduzem.

Apesar disso, as condições para acelerar o progresso nunca foram tão favoráveis. O custo das energias renováveis atingiu mínimas históricas, e os investimentos em energia limpa somaram US$ 2 trilhões em 2024, quase o dobro do investido em combustíveis fósseis.

Publicidade

A inteligência artificial (IA) generativa permite rastrear emissões, monitorar cadeias de suprimentos e medir impactos em tempo real. Consumidores valorizam marcas alinhadas a seus valores, e investidores incorporam o risco climático em suas decisões. A sustentabilidade tornou-se um fator de geração de valor, enquanto a inação acarreta perdas.

Empresas como a Neoenergia, que adota a sustentabilidade como pilar estratégico, investem em renováveis e redes inteligentes para acelerar a eletrificação e reduzir emissões. O Ingka Group/Ikea eletrifica suas frotas de entrega, investe em energia renovável e oferece serviços circulares, demonstrando que responsabilidade climática e lucro podem coexistir.

Uma pesquisa indica que 92% dos líderes empresariais consideram essencial a harmonização das políticas globais. O setor privado deve colaborar com os governos para alinhar padrões, reduzir riscos de capital e criar mercados previsíveis para bens e serviços de baixo carbono.

Tecnologia e qualificação também são importantes. Ferramentas digitais, análises baseadas em IA e tecnologias limpas podem transformar a eficiência e a transparência das cadeias de valor. A transição para uma economia resiliente e com emissões líquidas zero exige uma força de trabalho qualificada em áreas como engenharia de energias renováveis, finanças sustentáveis e gestão de dados.

Publicidade

A COP30 representa uma oportunidade para o setor empresarial demonstrar resultados concretos, com regulação harmonizada, investimento em escala e transformação da força de trabalho. A ONU enfatiza que o limite de 1,5°C ainda é alcançável se o setor privado utilizar seu capital, inovação e influência com determinação.

Compartilhe