Mundo vive ritmos opostos da inflação e expõe contrastes econômicos globais

Dados recentes de inflação mostram divergências marcantes entre economias, com deflação na China e alta de preços em países europeus.

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Os novos dados de inflação divulgados em 15 de outubro mostraram um cenário global fragmentado e cheio de contrastes. Enquanto algumas economias enfrentam queda nos preços e sinais de desaceleração, outras lidam com pressões inflacionárias que seguem firmes, indicando que a recuperação econômica mundial ainda ocorre em ritmos bem diferentes.

Na China, o quadro continua desafiador. O índice de preços ao consumidor (CPI) caiu 0,3% em setembro na comparação anual, marcando o sexto mês consecutivo de deflação — uma sequência que preocupa investidores e o próprio governo, já que reflete o enfraquecimento da demanda interna. O número superou a expectativa de queda de 0,2%, reforçando a percepção de que o consumo chinês ainda não reagiu como esperado.

Já o índice de preços ao produtor teve recuo de 2,3%, o 36º mês seguido de retração, o que mostra que o setor industrial também sofre com margens apertadas e baixa atividade.

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Em direção oposta, Israel registrou um forte alívio inflacionário, com a taxa anual caindo para 2,5% em setembro, ante 2,9% em agosto — o menor nível desde fevereiro. O índice mensal recuou 0,6%, puxado pela queda nos custos de viagens internacionais (–16,2%), preços mais baixos de frutas frescas e entretenimento. O movimento surpreendeu os analistas e pode abrir espaço para uma futura redução dos juros no país.

A Nigéria, por sua vez, alcançou um marco importante: a inflação caiu para 18%, abaixo dos 20% pela primeira vez em três anos, superando as projeções do mercado. O resultado traz um alívio considerável à população, que vinha sofrendo com aumentos sucessivos no custo de vida.

Na Europa, o cenário é mais misto, com a maioria dos países registrando aceleração. A França confirmou inflação de 1,1% na medida harmonizada da União Europeia, acima dos 0,8% de agosto. A Espanha avançou para 3,0%, enquanto a Alemanha registrou 2,4%, ambos acima dos números anteriores. Já a Polônia manteve estabilidade em 2,9%, enquanto os Países Baixos viram avanço de 2,8% para 3,3%. A zona do euro como um todo subiu para 2,2%, ultrapassando ligeiramente a meta do Banco Central Europeu.

Os dados deixam claro que, enquanto algumas regiões lidam com deflação e desaceleração do consumo, outras ainda combatem os efeitos persistentes da inflação, desafiando políticas monetárias e estratégias de crescimento. O cenário reforça que o equilíbrio global ainda está longe de ser alcançado — e que cada economia enfrenta o desafio de ajustar seus próprios caminhos diante das incertezas externas.

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