Natulab ressurge: da crise ao lucro com reviravolta estratégica

A Natulab, uma das maiores farmacêuticas do país no segmento de medicamentos isentos de prescrição, protagonizou uma impressionante recuperação financeira em pouco mais de um ano. Em maio do ano passado, a empresa enfrentava um cenário crítico, marcado por um passivo a descoberto de R$ 230 milhões, margem EBITDA negativa em 5% e prejuízo superior a R$ 170 milhões no ano anterior.
No entanto, sob nova gestão, a Natulab trilhou um caminho de reestruturação que resultou em resultados notáveis. A expectativa é que a empresa encerre o ano com uma margem EBITDA de aproximadamente 20% e um lucro superior a R$ 60 milhões. O patrimônio líquido, antes deficitário, já apresenta um saldo positivo de R$ 8,4 milhões.
A estratégia de recuperação envolveu diversas frentes, desde a renegociação da dívida, impulsionada por um aporte de capital dos novos sócios, até mudanças significativas na estrutura organizacional e na política de preços dos produtos.
Uma das primeiras medidas adotadas pela nova liderança foi a divisão da empresa em quatro unidades de negócios independentes: medicamentos, hospitalar, suplementos e terceirização. Para cada unidade, foi nomeado um gestor responsável, com foco em resultados específicos. A estratégia se mostrou eficaz, impulsionando o crescimento de cada área. A unidade de medicamentos, por exemplo, expandiu 30%, enquanto a de suplementos, que apresentava baixo desempenho, cresceu mais de 50%.
A unidade de terceirização, antes negligenciada, ganhou novo impulso com a conquista de clientes de peso como Hypera e Bayer.
Além da reestruturação interna, a Natulab promoveu mudanças na equipe de gestão, com a chegada de novos CFO, COO, diretores jurídico e de RH. A política de remuneração também foi revista, com aumento da parcela variável atrelada ao desempenho de curto prazo, incentivando o alcance de metas ambiciosas.
Na área de rentabilidade, a empresa focou na otimização do portfólio, ajustando preços e descontinuando produtos com baixa margem. A prioridade passou a ser a “cash margin”, ou margem de caixa, em vez da margem percentual. Em alguns casos, a redução da margem em determinados produtos resultou em aumento significativo da participação de mercado e, consequentemente, da margem absoluta da empresa. Em outros, o aumento do preço de produtos com baixa margem e percepção de valor foi a estratégia adotada.
A Natulab também investiu em lançamentos inovadores, como o Isoplex, um reidratante corporal em formato de pastilha efervescente, inédito no mercado. A comunicação dos produtos também foi aprimorada, com foco na funcionalidade e em embalagens mais atraentes.
Para fortalecer a estrutura de capital, os novos sócios realizaram um aporte de R$ 180 milhões, direcionado principalmente ao pagamento de dívidas. Com o aporte e a geração de caixa, a dívida bruta foi reduzida de R$ 500 milhões para cerca de R$ 290 milhões, diminuindo a alavancagem para 2,5 vezes o EBITDA. Os prazos de pagamento foram alongados, sem grandes vencimentos no curto prazo.
Em 2023, a Natulab registrou um crescimento de 35% na receita, atingindo R$ 650 milhões. A expectativa para este ano é de um aumento de 20%, superando o desempenho do mercado farmacêutico.
Com a reviravolta consolidada, a Natulab busca acelerar o crescimento, inclusive por meio da aquisição de marcas complementares ao portfólio. A empresa aposta em um novo antigripal, o ParaGripe, com lançamento previsto para dezembro, para competir com os principais players do mercado. O produto será lançado com preço 10% menor que os concorrentes, com a expectativa de alcançar 20% de participação de mercado no primeiro ano.




