Nova IA do YouTube promete identificar rostos e vozes clonadas
YouTube lança IA capaz de detectar rostos e vozes clonadas, reforçando a luta contra deepfakes e protegendo criadores de conteúdo.

O YouTube anunciou nesta terça-feira o lançamento oficial de sua ferramenta de detecção de semelhança, um sistema de inteligência artificial criado para identificar vídeos que usam indevidamente o rosto ou a voz de criadores. A novidade marca uma das ações mais importantes da plataforma nos últimos anos no combate a conteúdos deepfakes e materiais sintéticos que violam a identidade digital de criadores.
O recurso foi disponibilizado inicialmente para cerca de 5.000 criadores do Programa de Parcerias do YouTube, que receberam convites por e-mail. A plataforma pretende liberar a ferramenta para todos os criadores monetizados até janeiro de 2026, o que representa uma expansão global do sistema após uma fase de testes que vinha ocorrendo desde o início de 2024.
Inspirada no sistema de Content ID, usado para detectar violação de direitos autorais, a nova tecnologia atua de forma semelhante: ao analisar os vídeos enviados, ela identifica imagens e áudios que possam ter sido gerados por IA sem autorização. Caso o conteúdo seja sinalizado, o criador poderá revisar os casos em uma nova aba chamada “Semelhança” dentro do painel de controle, onde é possível solicitar a remoção, registrar uma reivindicação ou simplesmente arquivar o material para acompanhamento futuro.
Para ter acesso à ferramenta, os criadores precisam passar por um processo de verificação de identidade que inclui o envio de um documento oficial, gravação de um vídeo selfie e a leitura de um QR Code. A aprovação leva poucos dias e, segundo o YouTube, esse cuidado garante que apenas pessoas autenticadas usem o recurso para proteger suas próprias imagens.
O CEO da plataforma, Neal Mohan, afirmou que a empresa está atendendo a uma das principais preocupações dos criadores, oferecendo mais controle sobre o uso de suas identidades em vídeos gerados por IA. O tema tem ganhado força após uma série de casos envolvendo o uso indevido de vozes e rostos de influenciadores em campanhas falsas e propagandas enganosas.
Um dos exemplos mais comentados ocorreu com o criador Jeff Geerling, que descobriu que sua voz havia sido replicada por IA sem autorização pela empresa de eletrônicos Elecrow. O caso gerou grande repercussão e reforçou a urgência de medidas de proteção.
A ferramenta também nasceu de uma parceria entre o YouTube e a Creative Artists Agency (CAA), firmada em dezembro de 2024, e contou com testes realizados por nomes como MrBeast, Marques Brownlee e Doctor Mike. Além disso, a empresa declarou apoio ao projeto de lei NO FAKES Act, que propõe obrigar plataformas digitais a responder rapidamente a denúncias de uso indevido de semelhança por IA.
Com mais de 500 horas de vídeos enviadas por minuto, o YouTube reforça que o uso de sistemas automatizados de detecção é essencial para lidar com o volume crescente de conteúdo. A empresa se posiciona, assim, na vanguarda da proteção digital, buscando equilibrar o avanço tecnológico com o respeito à identidade e à privacidade de seus criadores.