Novo chip do tamanho de uma moeda imita o funcionamento do cérebro humano

Cientistas da Universidade Monash criam chip nanofluídico do tamanho de uma moeda que imita o cérebro humano e pode transformar a computação neuromórfica.

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Pesquisadores da Universidade Monash, na Austrália, anunciaram um avanço que pode redefinir o futuro da computação neuromórfica: um chip do tamanho de uma moeda que imita o cérebro humano. O dispositivo, que utiliza tecnologia nanofluídica, consegue reproduzir o comportamento das vias neurais, processando informações e armazenando memórias de maneira semelhante aos neurônios biológicos. A descoberta, publicada na revista Science Advances, representa um marco inédito no desenvolvimento de sistemas de computação inspirados na biologia.

O novo chip é composto por canais líquidos dentro de estruturas metal-orgânicas — conhecidas como MOFs — projetadas para permitir o transporte controlado de íons. Esse processo possibilita a integração entre memória e processamento, algo que difere completamente dos chips tradicionais, onde essas funções são separadas. O sistema canaliza íons através de estruturas nanoporosas que podem ligar e desligar como transistores, ao mesmo tempo em que “lembram” sinais elétricos anteriores, simulando o aprendizado do cérebro.

Segundo o professor Huanting Wang, vice-diretor do Centro Monash de Inovação em Membranas, a arquitetura do chip permite controlar prótons e íons metálicos de formas totalmente novas. “Conseguimos alcançar um transporte iônico seletivo e não linear que nunca havia sido observado em dispositivos nanofluídicos. Isso abre caminho para um novo tipo de computação, muito mais próxima dos sistemas biológicos”, afirmou o pesquisador.

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O avanço chega em um momento estratégico, já que o mercado global de computação neuromórfica deve atingir US$ 8,36 bilhões até outubro de 2025, impulsionado pela busca por alternativas mais eficientes e sustentáveis aos processadores convencionais de silício. Coincidentemente, o Prêmio Nobel de Química de 2025 foi concedido a Omar Yaghi e sua equipe, reconhecendo justamente o desenvolvimento das estruturas metalorgânicas que formam a base desta nova tecnologia.

O pesquisador Jun Lu, coautor do estudo, destacou que o chip apresenta uma forma inédita de memória de curto prazo, comparável à plasticidade sináptica do cérebro humano. Em testes de laboratório, o dispositivo foi capaz de lembrar variações de voltagem anteriores e reagir de forma inteligente a estímulos subsequentes — comportamento que imita o aprendizado neural.

Para os cientistas, essa descoberta inaugura uma nova era em que chips fluidos poderão rivalizar com os circuitos eletrônicos tradicionais. A engenharia de materiais ultrafinos — com espessura de apenas nanômetros — abre caminho para dispositivos iontrônicos capazes de processar e armazenar informações de forma integrada. Essa combinação pode revolucionar a tecnologia dos computadores, aproximando ainda mais a inteligência artificial do funcionamento real do cérebro humano.

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