Novo foco: novo nordisk busca próximos alvos após disputa perdida
A Novo Nordisk, gigante farmacêutica por trás dos populares Wegovy e Ozempic, não se abateu após perder a disputa pela aquisição da Metsera para a Pfizer, em uma transação avaliada em US$ 10 bilhões. Liderada pelo CEO Mike Doustdar, a empresa dinamarquesa já redireciona seus esforços para novas oportunidades no crescente mercado de medicamentos para perda de peso, bem como em áreas relacionadas ao diabetes e outras comorbidades.
A Metsera era vista como uma aquisição complementar, e não como uma transformação radical para a Novo Nordisk. A empresa decidiu retirar sua oferta após a Pfizer igualar o último lance, em uma disputa acirrada que inflacionou significativamente o valor da desenvolvedora de medicamentos. Adicionalmente, a Metsera informou ter recebido um contato da Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC), que apontou potenciais riscos regulatórios na estrutura do acordo proposto pela Novo.
Para a Pfizer, a aquisição representava uma prioridade estratégica na busca por espaço no competitivo mercado de obesidade. Enquanto isso, a Metsera emergiu como a grande vencedora, com uma avaliação turbinada pela intensa disputa.
Em comunicado interno, Doustdar assegurou à equipe que a empresa retomará o trabalho, concentrando-se no desenvolvimento do próprio pipeline e buscando ativamente oportunidades de negócios complementares nas áreas de diabetes e obesidade.
A perda da Metsera representa o primeiro grande revés para Doustdar desde que assumiu o cargo de CEO em agosto, sucedendo Lars Fruergaard Jorgensen. Desde então, Doustdar implementou mudanças significativas, incluindo a redução de 11% da força de trabalho e a adoção de uma nova “cultura de desempenho”.
Diante da crescente concorrência, a Novo Nordisk enfrenta o desafio de recuperar a liderança no mercado de perda de peso, especialmente após perder terreno para a Eli Lilly & Co. A busca agressiva pela Metsera levantou questionamentos sobre a força do portfólio da Novo, mas a decisão de não prosseguir com a aquisição pode ser vista como um sinal de prudência financeira.
A empresa reafirma que continuará a avaliar oportunidades de desenvolvimento de negócios e aquisições que atendam aos seus critérios de retorno e alocação de capital, impulsionando seus objetivos estratégicos. A estratégia da Novo inclui a análise de ativos de diversas origens e o foco em oportunidades que complementem suas atividades existentes. Além de medicamentos para perda de peso, a empresa também busca soluções para o tratamento de doenças associadas à obesidade, como as comorbidades. Um exemplo dessa abordagem é o recente acordo de US$ 5,2 bilhões com a Akero Therapeutics, desenvolvedora de um tratamento experimental para MASH, doença hepática ligada à obesidade.
No entanto, a Novo Nordisk reduziu sua orientação financeira pela quarta vez neste ano, devido à perda de participação de mercado do Wegovy para o Zepbound da Lilly, e a um acordo com o governo para reduzir o preço dos medicamentos para perda de peso nos EUA. A empresa aposta em novos produtos em desenvolvimento, como uma versão de alta dose do Wegovy e o CagriSema, tratamento injetável de próxima geração para obesidade. A Novo também aguarda a avaliação da FDA para uma versão em comprimido do semaglutida, além de desenvolver um novo medicamento experimental para obesidade chamado amycretin.
A empresa aposta também em estudos que testam uma versão em comprimido do semaglutida como possível tratamento para Alzheimer leve, com resultados esperados até o final do ano.
Analistas avaliam que a abordagem de Doustdar, apesar de ter causado desconforto, pode ter mudado a percepção da empresa como conservadora e lenta. Segundo especialistas, a Novo Nordisk está adotando uma postura mais agressiva e alinhada com o mercado americano.




